Já tenho afirmado anteriormente que a crise econômica do Brasil não atinge a todos da mesma maneira. Alguns continuam com seus vencimentos preservados integralmente, outros tiveram reduções salariais. Há quem perdeu todos os seus ganhos, seja por demissão ou por completa falta de clientes. Empresários tiveram que fechar as suas portas e demitir todos os colaboradores. Milhares estão dependendo de uma ajuda temporária do Governo para colocar alimento em sua mesa. Aplicadores na Bolsa de Valores perderam muito dinheiro. Crianças estão em casa passando privações sem a merenda escolar…
Por outro lado, há também aqueles que estão faturando muito. Industria farmacêutica, de equipamentos hospitalares, de produtos de limpeza, funerárias, serviços vinculados à internet, veículos de imprensa… Sem falar nos que estão superfaturando seus produtos, realizando obras sem a devida licitação, recebendo propinas…
Ainda não se sabe com precisão qual o impacto desta crise global no mercado de trabalho. Há quem compare as mudanças agora com o que ocorreu com a Revolução Industrial. O desaparecimento de determinados postos de trabalho, previstos para os próximos anos, está acontecendo em poucas semanas.
O que fazer para enfrentar esta crise? Repito o que escrevi ontem: não há respostas fáceis e padronizadas que se apliquem a todos, mas apresento, como fruto de leituras e observações, sugestões que espero ser úteis para você e outras pessoas do seu círculo de relacionamento.
Invista na sua empregabilidade. Isso não significa necessariamente conseguir um emprego de “carteira assinada”. Busque ajuda para identificar o seu perfil. Quem sabe você pode empreender, mesmo com todas as grandes dificuldades que existem em nosso país para quem deseja montar o seu negócio próprio.
Não desista de buscar uma formação profissional que o qualifique a ocupar funções chaves na sociedade. Pessoas com princípios éticos em posições estratégicas, certamente conduzirão o Brasil a uma situação de mais justiça social.
A pobreza e a abismal desigualdade social na sociedade brasileira, dentre outros fatores, está vinculada à desonestidade de grande parte da população, à desqualificação profissional e à insensibilidade com o sofrimento dos mais vulneráveis.
Como precisamos no Brasil de mais magistrados, administradores de empresas, políticos, servidores públicos, contadores e tantos outros profissionais que simplesmente sejam honestos, competentes, sábios e tementes a Deus. Sabemos que a corrupção e a incompetência têm um altíssimo custo econômico. Para atingirmos este objetivo a longo prazo é fundamental valorizar, financeiramente e de outras maneiras, determinadas categorias profissionais que com o passar dos anos têm sido colocadas em um plano secundário em nossa sociedade. Dentre elas, destaco os professores.
Precisamos, em sala de aula, mestres que possuam não apenas qualificação acadêmica, mas também sejam uma reserva moral. Homens e mulheres que inspirem seus alunos, que ensinem a ética social, com palavras e exemplo, desde o maternal até aos cursos universitários.
O que isso tem a ver com a crise econômica? Tudo. Países com menor índice de corrupção e maior nível educacional são mais prósperos e têm melhor distribuição de renda. Em casa, na igreja e na escola valores como da honestidade e responsabilidade social devem ser ensinados. Aonde as crianças hoje passam a maior parte do seu tempo? A escola tem um papel fundamental na solidificação de valores morais e éticos no coração dos estudantes, especialmente das crianças.
Neste difícil tempo não podemos desperdiçar a oportunidade de repensarmos, não apenas as nossas prioridades pessoais, mas também que tipo de sociedade desejamos construir.
Nestes dias de tanto sofrimento e incertezas, tentemos não fixar o nosso olhar apenas em nossa vulnerabilidade e dor pessoal. Separemos um tempo para pensarmos na sociedade que desejamos ajudar a construir para nossos filhos e netos.
Os desafios são muitos. Precisamos da orientação divina. Procuremos então ouvir a voz de Deus e que cada um de nós faça a parte que lhe cabe para juntos superarmos esta crise.
Marcos Vieira Monteiro