Ontem recebi um feedback à “Palavra Pastoral”, pontuando que há uma diferença entre ser rejeitado e viver sofrendo a rejeição.
Nem sempre conseguimos evitar a dor de nos sentirmos rejeitados. Dependendo da forma que a rejeição se manifesta, do afeto que nutrimos pela pessoa ou grupo que nos rejeita e muitos outros fatores, a dor da rejeição poder ter maior ou menor intensidade. Não temos o controle total sobre as nossas emoções. Porém, não estamos fadados a viver como vítimas da rejeição. Podemos escolher “assumir a responsabilidade pessoal pela libertação de quem nos oprime ou nos rejeita”.
Devemos sempre avaliar as possíveis causas da rejeição que experimentamos. Pode ser que tão somente sejamos alvos de preconceito. Se somos rejeitados pela cor da pele, nacionalidade, sexo ou fatores semelhantes a estes, o que podemos fazer? Não devemos tentar fazer algo para mudar esta nossa condição para sermos aceitos.
Há situações em que a rejeição ocorre porque temos falhado no relacionamento. Às vezes, começamos bem, mas, com o passar do tempo, agimos egoisticamente, com insensibilidade, traímos a confiança, somos rudes e acumulamos ações decepcionantes. Assim, acabamos perdendo a admiração e afeto até mesmo de familiares e amigos.
Podemos também ser rejeitados porque nos apresentamos além do que realmente somos e de nossas reais habilidades. Fomos demitidos porque não cumprimos o que nos foi requerido, não demonstramos competência laboral ou relacional. Não entregamos os resultados esperados.
Se somos rejeitados por nossos próprios erros, mudemos de atitude, nos aprimoremos e quem sabe, até mesmo reconquistaremos a aprovação.
Em tempos de tanta polarização ideológica e política corremos o risco de ser rejeitados ao expormos nossas opiniões. Neste contexto, vale a pena avaliar bem o que precisamos expressar, como fazê-lo, para quem e quais as consequências desta exposição.
Como cristãos cultivamos valores éticos e morais dos quais não devemos nos envergonhar de defender. É impossível seguir a Cristo com fidelidade e ser bem aceito por todos. Com toda certeza seremos rejeitados, menosprezados, julgados e até mesmo corremos o risco de ser perseguidos, quando declaramos com segurança o que a Palavra de Deus ensina com clareza no campo moral e espiritual.
Jesus Cristo foi rejeitado em Nazaré, na cidade onde viveu a maior parte de sua vida. Foi rejeitado pela maioria do povo judeu, a quem trouxe primeiramente a mensagem do Evangelho. Foi, não apenas rejeitado, mas odiado por muitos. Foi rejeitado pelo que ensinou sobre sua identidade, sobre o amor, a verdade e o perdão, pelo acolhimento que fez aos pecadores que manifestaram arrependimento e o desejo de fazer parte do Reino de Deus e pela graça que espalhou por onde passava.
Acerca de Jesus o apóstolo João afirma: “Veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam” (João 1:11).
Se Jesus foi rejeitado, não seremos nós também, na medida em que seguirmos os seus passos?
Os profetas judeus que antecederam Jesus foram rejeitados e os primeiros discípulos continuaram sendo alvo de rejeição e ódio dos mesmos inimigos do seu Mestre. Em qualquer lugar e tempo em que seguidores de Jesus procuram agir com fidelidade, sempre encontrarão oposição e rejeição. Jesus advertiu que este tipo de reação (até a mais extrema), não deve nos surpreender ou até mesmo abater: “Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós” (Mateus 5:11, 12).
Rejeição por nosso compromisso com Cristo e os valores do seu Reino deve produzir em nós o mesmo sentimento destes nossos irmãos nos primeiros dias do Cristianismo: “Chamando os apóstolos, açoitaram-nos e, ordenando que não falassem em nome de Jesus, os soltaram. E eles se retiraram do Sinédrio, regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer por esse Nome” (Atos 5:40, 41).
Se a rejeição que você experimenta é por sua fé em Jesus e fidelidade à sua Palavra, não se abata e considere-se um privilegiado.
Marcos Vieira Monteiro