É lamentável a maneira como alguns estão reagindo a esta crise.
Como se não bastassem os problemas de alastramento da doença, o desafio de curar os que estão isolados ou hospitalizados, os conflitos entre os políticos, temos visto cada vez mais situações de abuso de autoridade, de desrespeito aos direitos dos cidadãos previstos na constituição e aos profissionais que precisam sair de casa para trabalhar.
Se não aprovamos a maneira como grande parte da imprensa tem feito a cobertura jornalística desta crise, cabe perguntar: que fazer para manifestar essa divergência? Como fazer isso civilizadamente? Será ético entrar na frente de uma câmera, no momento em que um jornalista está ali fazendo o seu trabalho, xingar a emissora “ao vivo” e inviabilizar totalmente o trabalho deste profissional? Coloque-se na pele de um jornalista que recebe as orientações dos seus superiores. Não tem ele o direito de fazer o seu trabalho sem sofrer ameaças físicas e ofensas pessoais?
E o que dizer do abuso de autoridade? Um padre no interior de Minas realizava um missa “on line”, com uma reduzida equipe de transmissão, quando foi interrompido por policiais que queriam impedi-lo de realizar o seu ofício. Em Araraquara uma mulher estava sozinha, sentada em um banco de praça, foi abordada por policiais, algemada e agredida. Por que tanta violência?
Tem o governo o direito de impedir a circulação de pessoas se elas estão obedecendo as normas de segurança? É legítimo que os poderes públicos ameacem a população quando um indivíduo sai de sua casa para dar uma volta em uma praça, respirar um pouco de ar puro e deixar por um determinado tempo o isolamento?
Não deveriam as autoridades usar os seus melhores marqueteiros para conscientizar a população da necessidade de continuarem tomando todas as medidas de proteção? Não seria mais inteligente viabilizarem a chegada de máscaras e álcool gel a todos as casas dos brasileiros de graça ou a um preço mínimo? Não seria melhor trabalhar pela conscientização das medidas de segurança do que simplesmente agir com violência?
É justo tratar como um criminoso um desesperado “ambulante” pai de família?
Como eu gostaria que nossos líderes seguissem o exemplo de grandes pacifistas como Gandhi ou Martin Luther King, que mobilizaram milhares para sua causa observando os princípios da “não violência”.
O que dizer de médicos e enfermeiros no Chile e diversos países latino americano que estão sendo tratados como os leprosos dos tempos bíblicos? Há relatos de agressão física quando se deslocam de suas casas para hospitais porque são identificados como portadores do vírus
Que dizer das mulheres que neste confinamento estão sendo vítimas de redobrada violência doméstica?
E a violência dentro de casa, que não é física, mas que também fere. As palavras duras proferidas por cônjuges, filhos, pais e irmãos?
Que mundo é este? É o mundo onde a presença dos pacificadores é indispensável.
No sermão da Montanha, Jesus afirmou que os pacificadores são abençoados e se revelam como filhos de Deus (Mateus 5:9)
Somos chamados a ser pacificadores em nossas famílias. Desafiados a ser pacificadores, mesmo quando exercemos o legitimo direito de protestar contra o que julgamos injusto ou somos responsáveis por zelar pelo cumprimento da lei.
Que nossos líderes políticos tenham discernimento e entendam que o caminho da paz passa pela conscientização e não pela violência.
Nestes dias sejamos nós, cristãos, promotores da paz. Que a tensão e rancor represados sejam vencidos pela paz de Deus em nossos corações e assim sejamos e ajamos como pacificadores. O Brasil está precisando muito de gente assim.
Marcos Vieira Monteiro