Palavra Pastoral – A ANGUSTIA DA IGNORÂNCIA E DA INCERTEZA

Estamos todos vivendo, em determinados momentos, a angústia da ignorância e da incerteza.

Quantos dias a população conseguirá ficar confinada sem se desesperar? Quem sabe qual será a curva da infecção em sua cidade, estado ou país? Quantos já estão infectados, uma vez que a doença pode ser assintomática? Quando alcançaremos uma “parede de imunização” porque grande parte da população contraiu a doença? As previsões catastróficas de progressão da covid19 no Brasil não se confirmaram ainda nestas primeiras semanas porque foi adotado o isolamento horizontal? É possível fazer isolamento vertical em uma cidade com milhares de pessoas vivendo em favelas? Quando chegaremos ao pico de contaminação? Como achar o ponto de equilíbrio entre proteger a população da propagação acelerada do vírus inviabilizando o atendimento médico e a necessidade urgente de sustento dos trabalhadores ambulantes e pequenos empresários? Como agir com prudência, mas não levar o país a uma recessão econômica sem precedentes, que resulte em desemprego em massa? Qual a real eficácia da hidroxicloroquina? Os possíveis efeitos colaterais compensam a sua utilização em larga escala? Em que fase da doença administrá-la aos pacientes? Qual a eficácia dos testes se, nas fases iniciais da doença, eles podem dar um resultado falso? Em que medida as decisões dos políticos estão contaminadas pela ideologia e não respaldadas em dados científicos? Quanto investir na construção de hospitais de campanha para tratamento dos doentes nas UTIs? Quando tudo isso vai acabar?

Além de todas as questões macro, podemos vivenciar a angústia da ignorância e incerteza no plano pessoal.

Meu filho, minha esposa ou meu pai idoso começa a tossir muito e apresenta uma alteração na temperatura. Será que está contaminado? Eu mesmo começo a sentir dificuldades de respirar e muito cansaço no corpo. O que está acontecendo comigo? É somente uma crise de ansiedade ou não? Um amigo próximo foi hospitalizado e recebo notícias do agravamento do seu estado de saúde. Ele vai reagir? Preciso sair para trabalhar. Todos os cuidados que estou tomando são suficientes? Será que eu tive contato ou estou tendo contato com alguém que está infectado? Limpei o suficiente as compras? Deus responderá positivamente as minhas orações a favor de uma pessoa querida que está na UTI? Como pagarei as contas deste mês? Quanto tenho que racionar de comida para não faltar na próxima semana? Como posso ganhar algum dinheiro? O que fazer se não sei nada de tecnologia e não consigo me comunicar com ninguém? Como receber a ajuda financeira do governo? E se eu perder o emprego, o que farei? Quanto tempo consigo viabilizar a manutenção do meu negócio sem demitir meus colaboradores? Quando voltarei à minha vida “normal”?

As perguntas e incertezas são muitas.

O que fazer para não afundar no poço da angústia da ignorância e da incerteza?

Permita-me sugerir:

– Filtre as informações que você precisa ter. Não gaste energia em excesso pensando em problemas que você não tem como solucionar.

– Separe mentalmente os problemas que requerem uma ação hoje dos que se situam no futuro para os quais não existe uma decisão a tomar agora.

– Se não estiver enfermo, descruze os braços e trabalhe. Você não está de férias se o seu patrão não lhe concedeu férias. Às vezes, pensar menos e trabalhar mais é o melhor remédio.

– Fixe o seu pensamento n’Aquele que tudo sabe. Converse com Ele várias vezes ao dia. Peça a Ele discernimento e criatividade. Deposite sua fé naquele que não permitirá que você sofra além do que pode suportar, sustentado por sua maravilhosa graça.

Assim, os dias de angústia da ignorância e da incerteza passarão mais rápido, mesmo que sejam longos.

Marcos Vieira Monteiro

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