Deus me permitiu estar com nosso filho Victor no Rio de Janeiro em seus primeiros dias como aluno presencial do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Tomamos juntos as primeiras providências para sua instalação na nova residência. No fim da semana passada e início desta visitamos vários pastores e amigos. Conhecemos novas igrejas e desafios ministeriais.
Fui apresentado aos seus colegas de turma nesta segunda feira. Vários deles estavam entrando pela primeira vez nas salas de aula do nosso Seminário. No ano passado, por conta da pandemia, não houve aulas presenciais.
Olhando para estes jovens vocacionados meu coração se encheu de grande alegria. Era visível o seu entusiasmo por estarem ali começando esta nova etapa em suas vidas, mesmo longe do conforto e aconchego da família. Um vindo de Manaus, outros do interior do Pará e da Bahia…
Conheci dentre os calouros um que mora mais perto. Ele reside em Campo Grande (bairro do Rio de Janeiro). Seu desafio, porém, é grande. Ele precisa se levantar as 4h30 da manhã para chegar pontualmente às 7 horas no seu trabalho em um hospital próximo à Tijuca (bairro onde se localiza o Seminário). No fim da tarde ele vai assistir as aulas presenciais que terminam às 22h15. A seguir inicia o caminho de volta para casa, usando metro, ônibus e uma van. Deverá chegar ao seu destino por volta da meia noite.
Olhando para este rapaz, para o Victor e outros jovens vocacionados o que enxerguei? Mesmo com uma máscara nos seus rostos, vi os seus olhos brilharem. Vi neles expectativa e alegria pelo início da realização de um sonho que Deus colocou em seus corações, às vezes, ainda na infância…
Voltar ao Seminário em que estudei no início da década de 80 também evocou ao meu coração muitas recordações.
Em muitos aspectos a realidade hoje é bem diferente da que encontrei ao chegar no Rio de Janeiro, com 18 anos de idade, há 42 anos atrás. São muitos desafios novos. Percebi, contudo, que Deus continua chamando pessoas para servi-Lo de modo diferenciado em seu Reino, como fez no passado. Ainda existem jovens capazes de realizar sacrifícios para atender a este chamado e o fazem com os olhos brilhando.
Foi impossível estar ali e não me lembrar do tempo em que meus olhos também brilharam ao vivenciar esta fase tão decisiva em minha formação ministerial. Quantas experiências marcantes que determinaram o rumo do ministério que abracei.
Louvo a Deus porque os anos se passaram e este brilho em meus olhos não se apagou.
Oro, não apenas por nosso filho, mas por todos aqueles jovens que ontem à noite estavam participando do primeiro culto na capela do Seminário depois de dois anos de pandemia.
O que faz brilharem os olhos desta nova geração? O que faz brilharem os olhos dos seus filhos ou netos? Que não seja apenas uma paixão romântica, mas a alegria de cumprirem o projeto de Deus para suas vidas, qualquer que seja ele.
Nestes dias de tanta desesperança e pessimismo precisamos de pastores, advogados, médicos, professores, administradores, profissionais em todas as áreas e níveis de qualificação, que busquem seu aperfeiçoamento e sirvam ao próximo com os olhos brilhando…
Que cada um de nós faça a sua parte, agindo com competência e dedicação para ajudar na concretização dos sonhos dos que estão ao nosso redor.
Que o mundo seja mais iluminado com o brilho dos olhos dos que estão realizando seus sonhos.
Marcos Vieira Monteiro