No próximo domingo fará dois anos que “oficialmente” comecei a viver uma realidade completamente nova com a chegada do coronavírus. Eu me lembro claramente, no fim da tarde daquela sexta-feira, dia 20 de março de 2020, levando para casa computador, cadernos de anotações e outros equipamentos, para iniciar o “home office”. A mudança na rotina foi tão brutal que, nos primeiros dias, perdi até a noção do tempo: “Que dia da semana é hoje mesmo?”
A maneira como cada um de nós vivenciou a pandemia não foi igual em todos os detalhes. Alguns perderam parentes próximos, amigos, colegas de trabalho. Uns enfrentaram grandes dificuldades financeiras, outros, economizaram mais ou iniciaram novos empreendimentos bem-sucedidos. A experiência de ficar trancado em casa foi muito boa ou péssima para as famílias. Uns foram hospitalizados com covid e atravessaram o “vale da sombra da morte”. Para outros a covid foi apenas uma leve gripe.
O fato incontestável é que a pandemia não teve o mesmo efeito sobre cada um de nós, devido a uma série de circunstâncias externas, também pelo nosso próprio temperamento e saúde física, mental e emocional.
Agora que vivemos uma fase de grande declínio da covid-19 no Brasil, que lições realmente extraímos para nossas vidas nestes dois anos de pandemia?
Houve mudanças de percepção sobre a vida, sobre Deus, sobre nós mesmos e sobre a realidade do sofrimento no mundo?
Cada vez que vivenciamos uma crise temos uma grande oportunidade de aprender algo. Aprender não apenas no sentido de adquirir novas informações que processamos mentalmente. Aprender no sentido existencial. Aprendizagem que altera a nossa cosmovisão. Aprendizagem que gera novos sentimentos e atitudes diante da vida.
As mais preciosas lições não se limitam a mudanças internas no campo emocional ou espiritual. As lições mais profundas acabam modificando nossas prioridades, agenda e a maneira como administramos os nossos recursos financeiros.
O que mudou na sua rotina depois deste tempo da pandemia? Que novos propósitos você tomou e tem conseguido implementar efetivamente no seu dia a dia?
Hoje você tem investido mais tempo buscando a comunhão com Deus? Você tem compartilhado com mais liberalidade os seus bens? Tem gastado mais tempo com sua família? O que você tem feito na prática, como expressão de sua gratidão a Deus por sua vida ter sido preservada neste tempo da pandemia? Seu envolvimento na igreja aumentou ou diminuiu? O que mudou na dinâmica do seu trabalho? Sua carga de trabalho cresceu ou declinou? Você tem conseguido separar o necessário tempo para descanso? Atualmente, como estão seus hábitos alimentares e prática de exercícios físicos?
Talvez, durante a pandemia você descobriu que precisa fortalecer laços de amizade e investir mais tempo na convivência com seus amigos ou familiares.
Quem sabe, nos dias de pandemia você chegou à conclusão que é possível e bom gastar mais tempo em oração.
Durante a pandemia você percebeu que é possível viver com mais simplicidade e ser feliz?
Pode ser que você tenha redescoberto a importância da igreja para o seu fortalecimento espiritual.
Essas percepções e tantas outras alteraram suas ações diárias? Como?
Você não pode dizer que a pandemia foi um instrumento de Deus para crescimento em sua vida se, absolutamente nada mudou em sua mente, coração e na sua rotina diária atual.
Aprendemos de fato, algo, nesse tempo da pandemia? Este aprendizado mudou objetivamente nossos sentimentos e práticas? Será que podemos sinceramente dizer: “antes eu fazia assim e agora estou fazendo diferente”. Essas mudanças são verificáveis e podem ser confirmadas pelas pessoas que estão ao nosso redor diariamente?
O aprendizado que jamais se materializa em uma mudança de hábitos é muito limitado. Reflitamos e mudemos.
Marcos Vieira Monteiro