Palavra Pastoral – MÁSCARAS

O que fazer nestes dias de coronavirus? Usar máscaras ou não? Não e sim.

Antes desta pandemia, ao ouvir a palavra “máscara” qual a primeira ideia que vinha à sua mente?

Eu me lembrava imediatamente das máscaras utilizadas pelos atores nos grandes teatros a céu aberto na Grécia ou na Turquia há centenas de anos atrás. Aliás, um dos símbolos do teatro até nossos dias é uma máscara.

Uma das possíveis origens da palavra máscara é a palavra árabe “maskharah”, que quer dizer “palhaço” ou “homem disfarçado”. A partir desse conceito, quem usa uma máscara é alguém que deseja esconder o seu rosto. Um ator, um palhaço, um bandido… alguém que não quer se mostrar como é.

A máscara, muitas vezes, é mais do que um mero adereço. Ela se tornou um símbolo de caráter enganoso.

Usando uma máscara escondemos quem somos verdadeiramente, apresentamos uma imagem que não corresponde à realidade e que nos empodera.

Nas histórias em quadrinho a máscara não apenas esconde a identidade, mas transforma a vida de quem a utiliza. Usando uma máscara a pessoa realiza o que não faria com o rosto descoberto. Heróis e vilões usam máscaras e se transformam naquilo que não são na frente dos outros.

A máscara torna-se então, em símbolo da mentira e de uma falsa coragem. Sim, mascarados adquirem uma coragem que só existe no anonimato. Especialmente se estão em grupo, eles se sentem fortes para protestar, vandalizar e até matar…. Por incrível que pareça, nesta sociedade que celebra a ilusão, mascarados são até mesmo admirados. Observe o sucesso do seriado “Casa de Papel”.

Desta maneira, máscaras são utilizadas literalmente por atores nos teatros, por revolucionários covardes, vândalos e bandidos.

Mas, existem máscaras que não são feitas de pano, plástico, papel ou qualquer outro material similar. São as máscaras dos hipócritas.

Até mesmo dedicados servos de Deus usaram esta máscara. No livro de Êxodo lemos que quando Moisés subia o Sinai para se encontrar com Deus, ele descia com o seu rosto brilhando, resplandecendo a glória divina. Sua face estava descoberta e o povo ficava impactado. Mas, depois de algum tempo ele colocava novamente um véu e subia ao monte para encontrar-se de novo com o Senhor. (Êxodo 34:29-35)

Por que ele fazia isso? Por que colocava este véu depois de algum jtempo? O apóstolo Paulo explica este pecado de Moises. “Não somos como Moisés que punha um véu, sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório.” (II Coríntios 3:13)

Moisés colocava o véu (máscara) porque não queria que o povo percebesse que o brilho divino de sua face estava se acabando… Quando a “bateria” de Moisés estava chegando ao fim, ele escondia esta realidade usando o véu, para que todos pensassem que o brilho da glória de Deus estava ainda ali presente.

Uma marca de um verdadeiro discípulo de Jesus é a autenticidade. Sejamos sinceros diante de Deus. Falemos sempre para Ele o que estamos sentindo e pensando. Por que usar máscaras diante daquele que conhece nossa verdadeira identidade? Joguemos no lixo a máscara da hipocrisia.

 As máscaras que obrigatoriamente devemos usar são apenas as de proteção contra o coronavirus. Estas nos ajudam a proteger-nos e a outros também. Estas devemos adquirir, usá-las sempre que necessário e distribuí-las para quem precisa.

Aquelas da falsa coragem, da violência e da hipocrisia matam. Estas podem salvar vidas.

Marcos Vieira Monteiro

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