Palavra Pastoral – IMOBILIZADO

O meu celular apresentou um problema e o levei para o conserto. Pensei que seria algo que se resolveria em poucos minutos. Ledo engano. Passei um dia e meio com o celular na assistência técnica.

Eu não tinha percebido a dependência que estou tendo deste aparelho. Ele está presente no meu dia a dia muito mais do que eu imaginava. Sem ele fiquei quase incomunicável. Descobri que não tenho nenhum registro de números de telefone anotado (algo para mim inimaginável poucos anos atrás). Somente no celular há informações que preciso com urgência. Ontem à noite tive uma reunião e não consegui obter alguns dados que eu precisava porque estavam armazenados no WhatsApp. A “Palavra Pastoral” ontem foi preparada, mas não pode ser enviada… Resumindo: a sensação que tive foi de estar imobilizado.

Não tenho problemas de desligar o celular durante vários dias nas férias. Neste sentido me sinto livre. Esta experiência vivida nestes dois dias, porém, deixou evidente para mim o quanto estou dependente da tecnologia.

Desde a hora que acordo até quando vou dormir, ali está ele do meu lado. Na realidade é ele que muitas vezes me desperta. De manhã bem cedo sou tentado a “dar uma olhadinha” nas notícias e no WhatsApp.

Se preciso fazer uma transferência bancária, chegar em um lugar que nunca fui, enviar um documento importante com urgência é ele que utilizo. Se quero tirar foto de uma paisagem bonita ou algo que desejo registrar, mandar esta foto ou uma mensagem especial para um parente ou amigo é com ele que eu conto. Por meio dele recebo e envio felicitações, informações importantes para tomada de decisões e as últimas novidades de pessoas do meu relacionamento, além de participar de reuniões e acompanhar os cultos on line. Além disso, tenho no celular muitos arquivos que não estão em nenhum outro lugar. Se os perco…

Por tudo isso, em apenas um dia de trabalho sem ele fiquei com a sensação de estar imobilizado.

Fiquei refletindo muito sobre este sentimento desde ontem à noite. Será que tenho semelhante consciência de minha dependência de Deus? Se eu não conseguisse acessá-lo, quanto tempo demoraria para perceber? Será que me sentiria imobilizado?

Reflita comigo: o que Deus representa de fato para mim e para cada um de nós? Acordamos pensando nele? Sentimos que acordamos porque Ele nos despertou? Queremos tê-lo ao nosso lado, ativo até o final do dia? Temos a sensação de que estando com Ele o tempo todo detemos mais “poder”? Dependemos de Deus para os nossos negócios financeiros? Ele nos vincula a outras pessoas? Ele nos possibilita comunicar os nossos sentimentos às pessoas que amamos? Ele nos habilita a preservar as melhores lembranças que podemos guardar no fundo do coração?

Esta dependência da tecnologia me assusta. Perdi todos os dados do WhatsApp, mas felizmente os contatos foram mantidos. Preciso que os meus amigos que mandaram informações importantes nestes últimos dias me reenviem o que me encaminharam. Estou com o celular quase zerado.

Felizmente isso não acontece no nosso relacionamento com Deus. Toda comunicação com Ele está sempre preservada. Zerados estão apenas os pecados quando realmente confessados mediante genuíno arrependimento.

Marcos Vieira Monteiro

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