Na Palavra Pastoral de ontem procurei mostrar que vivemos num contexto em que há leis em confronto. A Lei de Deus, expressa para os cristãos na Bíblia Sagrada, muitas vezes está em confronto com leis humanas. Confronta-se ainda, com o que dissemina comumente a grande mídia brasileira no campo da moral sexual.
Vivendo em um país democrático eu espero que seja preservada a liberdade de expressar o que penso, a partir dos valores que cultivo, fundamentado em minhas convicções de fé.
Que país é este, em que a opinião de uma pessoa sobre o que a outra faz é mais ameaçadora do que os próprios atos que estão sendo alvos de questionamento ou crítica?
Uma pessoa não pode ser discriminada por sua orientação sexual, mas pode ser demitida por emitir sua opinião sobre este tema. Estranho, não?
Pais estão preocupados com a confusão que está se estabelecendo na cabeça de seus filhos pequenos e adolescentes. Expostos a uma doutrinação massiva, que questiona os ensinamentos recebidos dos seus pais e avós; temos uma geração confusa sobre a sua identidade sexual.
Há uma pressão no sentido de que sejam aprovadas leis que obriguem as escolas a ensinar valores diferentes dos adotados há séculos, em um país de tradição judaico cristã.
Se uma escola particular deseja defender uma determinada ideologia, que o faça e assuma sua postura. Igualmente, se outra escola defende o oposto, que tenha liberdade de fazê-lo.
Não desejo e nem espero que o poder público financie a divulgação de minhas ideias, mas, que preserve o meu direito sagrado de falar e de ensinar aos meus filhos e netos o que creio ser verdadeiro.
Desejo e espero ainda, que o dinheiro que o governo arrecada por meio dos impostos que eu pago, não seja usado para apoiar causas que ferem a consciência cristã de grande parte da população de nosso país. Que não financie filmes, peças de teatro, instituições educacionais e publicações nos livros escolares, que estão em completo desacordo com as convicções da maioria dos brasileiros que considera a Bíblia um guia ético confiável.
Quanto mais velho fico, mais reconheço o valor da liberdade de opinião. Todos os regimes totalitários, de direita e de esquerda, têm em comum esta característica: a repressão à liberdade de expressão.
Assusta-me que em um país democrático como o Brasil haja um movimento crescente para punir os que pensam diferente, dos que detém o poder dos principais meios de comunicação, no que diz respeito a moral sexual.
Cada um tem o direito de escolher viver sob as leis de Deus ou ignorá-las. Deus concede ao ser humano até o direito de se rebelar e não aceitar o corpo que o Criador lhe concedeu. Porém, Ele deixa bem claro que aquele que escolhe seguir por este caminho deve arcar com as consequências de sua escolha. Uma destas consequências é tornar-se alvo de questionamentos e até críticas.
Vivemos em uma sociedade melindrosa. Quem recebe uma crítica não a considera como crítica, mas como ofensa.
Jamais devemos matar, perseguir, agir com violência e tentar calar a todo o custo os que optam por desobedecer ao que está determinado por Deus em Sua lei. Não temos este direito e nem desejamos tê-lo. Afinal, nenhuma conquista com base na violência física é legítima. Quando o cristianismo enveredou por este caminho traiu sua vocação original.
O respeito à integridade física que desejo para mim, de igual modo defendo para os que pensam diametralmente o oposto do que creio.
Por que somente um grupo tem o direito de expor suas ideias e o outro tem que ficar calado e aceitar tudo passivamente, discordando apenas mentalmente?
Respeitar o direito dos que pensam diferente de mim não é ficar em silêncio porque sou proibido por uma lei humana de expressar o meu ponto de vista. Creio ser possível discordar respeitosamente. Ser tolerante não é o mesmo que ficar amordaçado.
Os limites à liberdade de expressão são ultrapassados quando invento ou compartilho mentiras deliberadas, calúnias e difamação.
Pratico o abuso da liberdade de expressão se xingo, se uso palavrões, se qualifico o outro como um ser humano desprezível ou inferior, porque pensa e age diferente de mim.
Somos desafiados por nosso Mestre a amar a todos. Mas, amar não significa “passar a mão na cabeça” e concordar com o comportamento do outro. Não é um ato de amor ficar em silêncio diante de algo que, com base nas Escrituras, julgamos ser um erro.
Que Deus me ajude a expressar os meus pontos de vista, firmados em Sua revelação, sem agressões gratuitas, mas com firmeza e elegância.
Que a tolerância tão defendida pelos que pensam diferente de mim seja uma via de mão dupla.
Que as leis dos homens, que frequentemente estão em confronto com a Lei de Deus, ao menos me garantam o direito de expressar minhas inquietações, opiniões e críticas.
Marcos Vieira Monteiro