Quando eu era missionário no sertão da Paraíba fazia muitas visitas. Ao entrar na casa com a TV ligada, as crianças estavam na sala vendo um filme ou desenho, a ordem dada pelo pai ou a mãe era: “menino, tranque esta TV agora”. Eu ficava com pena da criançada e dizia. “Não precisa “trancar não”, é só abaixar o volume, e na hora da leitura da bíblia e oração a gente “tranca” um pouquinho, tá bom!”. A meninada olhava para mim aliviada.
Hoje meu conselho para você é: “tranque a TV, menino”.
Não estou dizendo que você não deva se informar. A questão é: como?
Há quem acredite cegamente em tudo que passa na TV. Outros não acreditam em nada que os noticiários estão apresentando, mas aceitam acriticamente tudo que recebem por meio de whatsaap, principalmente se estiver de acordo com a sua prévia opinião. Aliás, é impressionante como temos a capacidade de acreditar no que queremos. Muitas vezes nem checamos a veracidade da informação que recebemos e passamos adiante.
Vivemos em um tempo em que o consenso é produto raro no mercado das ideias. Quantas opiniões de “especialistas” em diversas áreas. Onde está a verdade? Que ordens cumprir? As determinações de Brasília, do Governador do Estado ou do prefeito da cidade?
O fato é que vivemos em um tempo de incertezas e de posicionamentos divergentes sobre como enfrentar esta pandemia. Em quem você confia? Há pessoas que abriram mão de pensar. É muito cômodo terceirizar esta responsabilidade. Tem gente que prefere transferir a responsabilidade de reflexão para os epidemiologistas, para os economistas, para pastores ou para seus gurus da internet.
Ouça, mas não ouça ninguém sem pensar. O que pode estar levando este “especialista”, líder ou comunicador a defender esta ideia? Até que ponto estes dados estatísticos e projeções são realmente confiáveis?
Quem é um líder, político, empresário grande ou pequeno, pastor, padre…se é você que tem que tomar decisões que afetarão a vida de outras pessoas, você não pode se omitir de pensar. É doloroso, mas necessário.
Isso não significa que você tem que ficar ouvindo rádio e a TV, especialmente aquelas notícias que dão ibope, as notícias ruins todo dia e o dia todo.
A imprensa brasileira tem sido muito cruel e parcial. Até notícia boa é dada com legenda de uma notícia péssima.
Você que é líder não pode estar alienado. Enfiar a cabeça em um buraco como uma avestruz não vai resolver nada. Por outro lado, estar com a cabeça encharcada de notícias assustadoras pode deixá-lo instável emocionalmente e dificultar os seus processos decisórios. Ou você pensa que é o impassível Sr. Spoke?* (Star Trek).
Garimpe quais notícias são relevantes para você no processo de tomada de decisão.
Se você não tem sobre os seus ombros a responsabilidade de tomar decisões difíceis, se poupe. Avalie sempre: Até que ponto esta informação é verdadeira e útil para mim e para as pessoas com as quais me relaciono?
Se você tem decisões a tomar que envolvem a sua vida e de outras pessoas, ouça, kpense, desconfie, mas não fique o tempo todo “on line”. jSei que você precisa “abrir a TV”. Mas, quando a TV abrir qualquer porta de comunicação, ouça desconfiado como se fosse um bom mineiro. Selecione cuidadosamente quem você vai ouvir. Ouça o contraditório. Muito cuidado com os mensageiros do apocalipse…
Depois, meu irmão, “Tranca a TV”, o celular, o computador e ore, leia um bom livro, chame quem está perto de você para um jogo de mesa… e no fim do dia agradeça as bênçãos e proteção de Deus neste dia.
Marcos Vieira Monteiro