Quantas vezes ouvimos e fazemos esta pergunta ao longo de nossa vida? Quantas vezes recebemos e damos uma resposta que não corresponde à realidade. Quantas vezes dizemos “tudo bem” mas o nosso coração está dilacerado.
Perguntamos “como vai você?” e já emendamos o “tudo bem”, na expectativa de que o outro simplesmente confirme: “tudo bem”. Se o interlocutor responder: “mais ou menos”, é muito provável que ele não esteja realmente bem e por vezes ficamos até desconsertados porque esperamos que ele apenas diga: “tudo bem!”
Quantas vezes o “como vai você, tudo bem?” é pouco mais do que uma mera formalidade. Nem sempre estamos, de fato, dispostos a ouvir o que o outro realmente está vivenciando.
Depois de mais de 1 ano e meio de covid19, quantos de nós estamos realmente bem? Foram tantas lutas, medos, perdas, que despertaram em muitos de nós sentimentos que nem imaginávamos existir.
Quantas vulnerabilidades pessoais que desconhecíamos vieram à tona? Quantas descobertas sobre nossas amizades e profundidade dos laços familiares? Certamente tivemos decepções e também boas surpresas. Sentimos falta de alguns amigos nas horas mais difíceis, mas descobrimos o amor de outros. Contamos com incompreensão e solidariedade. Percebemos com mais nitidez nossas fraquezas espirituais e emocionais e/ou experimentamos o poder da fé em nossos corações.
O que nos surpreendeu negativa ou positivamente? Passamos a conhecer melhor o nosso cônjuge: redescobrimos o amor conjugal, apreciamos ainda mais os filhos? Convivendo mais com nossos parentes percebemos a fragilidade de nossos relacionamentos familiares ou o quanto eles são realmente queridos e importantes para nós?
O que pudemos identificar sobre nossas preferências e potencialidades profissionais? Apreciamos mais o trabalho home office ou fora do ambiente doméstico? Apresentamos maior produtividade em que espaço? Crescemos profissionalmente neste tempo de pandemia ou nos sentimos defasados e regredindo? Conseguimos economizar com serenidade ou vivemos dias de maior privação financeira e angústia?
Muitos afetados diretamente pela covid têm apresentado dolorosas sequelas: dores físicas, depressão, síndrome do pânico, dificuldades de locomoção, stress contínuo, perda do olfato, do paladar ou da libido, dificuldades de concentração…
Como você está? Como está o seu casamento neste tempo pós pandemia? Como está sua vida profissional? Como vai sua família? Como está o seu relacionamento com Deus e com a sua igreja?
Neste período da pandemia, problemas antigos que você sabia que existia mas “ia levando”, se agravaram ou surgiram novos e você não está bem? Busque ajuda.
Busque ajuda com seu líder espiritual, com amigos, irmãos em Cristo. Dependendo da gravidade do seu problema procure urgentemente ajuda profissional. Não é vergonhoso reconhecer: “não estou bem, preciso de alguém que me escute, que me oriente, que me auxilie porque não sei o que fazer ou não tenho forças para fazer o que devo fazer…”
Terapeutas, pastores, psicólogos, psiquiatras, médicos e tantos outros profissionais têm sido instrumentos de Deus para ajudar muitas pessoas a recuperar a saúde mental, emocional, espiritual e física.
A pandemia pode estar terminando, mas os problemas que ela revelou ou provocou podem estar persistindo. Se crescemos e amadurecemos: excelente! Se nos sentimos frágeis, tristes, chegando no “fundo do poço”, busquemos ajuda por meio da oração, do apoio de nossa comunidade de fé e utilizando todos os recursos que Deus nos concede.
Não se feche em si mesmo. Não tente resolver seus problemas sozinho. Seja humilde. Saia de casa ou abra um canal de comunicação virtual com quem pode lhe auxiliar. Pode ser difícil, mas é possível. Deixe Deus ajudar você através de outras pessoas capazes, amorosas e sensíveis.
Marcos Vieira Monteiro