“Havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido, quer dizer Dorcas. Ela fazia muitas boas obras e dava esmolas. Aconteceu naqueles dias que ela adoeceu e morreu. E tendo lavado o seu corpo, colocaram-na num quarto na parte superior da casa. Como Lida era perto de Jope, quando os discípulos souberam que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens, pedindo-lhe: Não te demores em vir até nós. Pedro levantou-se e foi com eles. Quando chegou, levaram-no ao quarto de cima, e todas as viúvas o cercaram, chorando e mostrando as roupas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas.” (Atos 9:36-39).
Esta história registrada por Lucas termina com um final feliz. Dorcas foi alvo de uma especial ação de Deus através do apóstolo Pedro e voltou a viver. Durante o ministério terreno de Jesus e nos primeiros anos do Cristianismo muitos milagres ocorreram autenticando a nova realidade do Reino de Deus. O que desejo destacar neste impressionante milagre, porém, é o exemplo de Dorcas. Sua história na Bíblia se limita a um registro de apenas 7 versículos. Ela simboliza todas as mulheres que impactaram a vida das pessoas ao seu redor com sua generosidade.
São raras, mas ainda existem Dorcas em nossos dias. Hoje preguei no culto de gratidão a Deus pela vida de uma delas: nossa querida irmã Goes, que ontem à tarde foi chamada à presença do Senhor.
A vinculação das atitudes de Goes e Dorcas foi destacada por um jovem pastor em seu depoimento: ela financiou o curso teológico dele no Seminário Palavra da Vida. Este missionário atualmente serve no interior do Ceará. Coincidentemente quando pensava sobre qual personagem bíblico se assemelharia à nossa querida irmã, o primeiro nome que me veio à mente foi também o de Dorcas.
É impossível não ficar impactado com o que ouvi acerca da irmã Goes nestes últimos dias. Eu me sinto extremamente honrado por Deus em ter no rebanho da Primeira Igreja Batista de Fortaleza uma ovelha que vivia de fato as propostas do Evangelho.
Segundo os testemunhos que ouvi de seu esposo, irmão Miranda, de seus parentes e amigos, Goes tinha real prazer em repartir seus recursos financeiros e espirituais. Doava e evangelizava. Doava e convidava os amigos e parentes para intercessão pelos mais carentes.
Segundo seus familiares ela “inflacionava” o mercado de trabalhadores mais simples, pagando-lhe sempre acima da média e procurando suprir suas necessidades com doações generosas. Mesmo não sendo rica, Goes conseguia ajudar muitas pessoas das mais diferentes formas, especialmente os mais pobres e obreiros mais necessitados. Pagava o aluguel da viúva de um pastor. Ajudava no sustento de missionários e de seminaristas vocacionados. Apoiava regularmente os familiares que possuíam menos recursos. Comprava presentes e livros de histórias bíblicas no bazar da igreja para doar para crianças no interior. Trabalhando no CREMEC (Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará), auxiliava de muitas formas os jovens estudantes que precisavam de uma orientação e apoio específico. Detalhe: fazia tudo isso sem causar nenhum alarde.
É impossível saber quantos foram alvo do seu amor e partilha do Evangelho. Ontem à noite no velório e hoje no culto fúnebre, conheci dezenas de jovens que foram abençoados com sua generosidade. Se pudéssemos juntar todas as doações que ela fez ao longo de sua vida imagino que precisaríamos de um grande galpão.
Hoje, Dia Internacional da Mulher, esta obra prima de Deus, é celebrada por seus variados atributos. Há mulheres que se destacam por sua inteligência, seu amor à família, competência profissional, espiritualidade, beleza física e outras qualidades.
Goes, a Dorcas do século 21 no Ceará, se destaca principalmente por seu compromisso com o Evangelho Integral: aquele que mistura a proclamação do Evangelho com as boas obras.
Goes, sentiremos muito sua ausência. Que seu exemplo inspire mulheres e homens a sermos mais efetivos em demonstrar amor ao próximo com nossas palavras e ações.
Marcos Vieira Monteiro