Nesta época de Olimpíadas sempre me impressiono com a beleza estética de várias modalidades esportivas. Admiro muito a competência dos atletas, que individualmente ou em grupo, nas pistas, nas quadras, nas piscinas, nos lagos e no mar, estão ali, depois de meses ou até anos de preparação, representando os seus países. Gosto de conhecer também a história de vida e superação dos que conquistaram o direito de participar deste grande torneio mundial.
Presto atenção nos relatos não apenas daqueles que tem o privilégio de subir ao pódio. Na realidade, o fato de um atleta estar participando de uma Olimpíada Mundial já é uma grande vitória. Ali estão geralmente os melhores do mundo em cada esporte. Nenhum deles chegou a Tóquio “por acaso”.
A maioria se submeteu a grandes sacrifícios e renúncias. Mesmo aqueles que sabem que as suas chances de uma medalha são muito pequenas.
É inspirador ouvir o depoimento dos atletas que realizam o seu sonho de conquistar uma medalha de ouro, de prata ou de bronze. Porém, acho igualmente interessante ouvir o depoimento dos não subiram ao pódio por muito pouco. Faltou apenas mais 1 ponto, 1 segundo a menos, 1 centímetro a mais…
A vitória olímpica depende não apenas do talento individual ou do grupo, mas de muitos outros fatores: o investimento que foi feito no atleta, sua maturidade emocional, a estrutura que teve ao seu dispor para sua preparação, seu condicionamento físico, sua disciplina pessoal e a intensidade de seu desejo de ser um campeão.
Observando com mais detalhes as competições podemos afirmar que é as vezes é difícil saber quem é de fato “o melhor”. Para cada medalhista existem tantos outros que viveram o “quase”. O “quase” entra na história de muitos através de um pequeno vacilo, um descuido, um vento contrário, um erro do adversário, um resultado acima de média de um concorrente, um julgamento equivocado de um juiz, uma preocupação excessiva com o resultado, a pressão excessiva de ser o “favorito”, um deslise inexplicável, uma distração, uma lesão, um pequeno acidente…
Em muitos esportes as diferenças de performance entre os concorrentes em uma Olimpíada me parecem pequeniníssimas. Lamentável que os que “quase” conquistam, mas não conseguem a vitória, muitas vezes são valorizados apenas pelos familiares e amigos.
O “quase” frequentemente vem acompanhado de lágrimas, de muito sofrimento, as vezes de decepção consigo mesmo e vergonha.
Há aqueles que diante de um resultado adverso desistem de tudo. Outros tiram lições preciosas e descobrem como podem se preparar para melhores resultados no futuro.
Nem todos os que “quase” conseguiram realizar o seu sonho hoje serão campeões em uma Olimpíada no futuro. Mas, mesmo assim, o seu esforço não terá sido em vão. Até os que jamais experimentaram o gosto de subir ao pódio podem servir de inspiração para tantos outros de seu país ou para aqueles que estão em semelhante condição social, mas que no futuro estarão entre os primeiros.
Precisamos aceitar o fato que na vida muitos de nós nem sempre vamos estar entre os primeiros. Mas, isso não significa que sejamos necessariamente “inferiores” ou que não estivemos dispostos a “pagar o preço” para alcançar o sucesso.
É um gesto de amor e sabedoria apoiar também os que “quase” chegam lá. Muitos se empenham tanto ou até mais do que os campeões.
Devemos compreender que nós, quando estamos no time do “quase”, se demos o nosso melhor, se nos empenhamos ao máximo e ainda assim não atingimos o nosso objetivo final, não significa que fracassamos totalmente. No plano espiritual nos tornamos “campeões” não quando vencemos um adversário, mas quando melhoramos a nossa performance com o passar do tempo e nos tornamos cada vez mais parecidos com o grande vencedor Jesus Cristo.
Marcos Vieira Monteiro