Há algumas semanas mencionei em uma “Palavra Pastoral” que não podemos voltar no tempo pré pandemia e esperar que, nos detalhes, tudo volte a ser como era antes.
Isso é impossível pela simples passagem do tempo. Com ou sem pandemia em 1 ano e 9 meses muitas coisas podem acontecer em nossa vida pessoal, na empresa onde trabalhamos, em nossa família, no país onde vivemos e no mundo todo. Especialmente para as crianças e adolescentes, as mudanças neste período de tempo são muito grandes. A pandemia acelerou determinadas transformações em nossa realidade, que já estavam em curso e trouxe à luz problemas e possibilidades que estavam ocultos.
Nestas últimas semanas tem ocorrido uma crescente diminuição de casos e mortes decorrentes da covid-19 no Brasil, graças a Deus. Com isso, as normas de prevenção, diferentemente do que agouravam os pessimistas, têm sido flexibilizadas. Com mais pessoas vacinadas há um sentimento de maior segurança. Muitos estão se encontrando com amigos, saindo para lanchar, indo a restaurantes e a outros encontros sociais, participando de reuniões de pequenos grupos presencialmente, indo a estádios de futebol, festas…
Transitando nas ruas aqui em Fortaleza há uma sensação de normalidade. O que difere na paisagem de outrora é que a maioria está usando máscaras. Em cidades menores e nas praias, nem isso vemos mais…
Ao retornarmos à igreja também experimentamos esta sensação de que estamos voltando “ao que era antes”: cultos bem frequentados, ministérios retornando suas atividades presenciais, o estacionamento lotado, grupos musicais e coros ensaiando…
Ontem, o meu pequeno grupo se reuniu em uma casa de praia e tivemos juntos um tempo de qualidade: orando uns pelos outros, nossas crianças nadando na piscina e no rio, alguns nadando no mar, todos saboreando um delicioso churrasco, conversas leves e bem-humoradas, partilha de bênçãos recebidas nestes últimos meses…
Esse tempo em que experimentamos uma sensação de maior liberdade e em que podemos interagir pessoalmente com familiares, amigos e irmãos em Cristo, não deve ser desperdiçado.
Requer-se nestes dias uma pitada de prudência e outra de coragem, além de uma boa dose de sabedoria.
Todos temos decisões a tomar sobre o que fazer ou não neste momento. Devemos realisticamente admitir que a pandemia ainda não terminou. Estejamos atentos ao que está acontecendo em outros lugares do mundo. Peçamos a Deus que nos poupe de uma terceira onda, ainda que seja fraca. Se for preciso, em algum momento, recuar na flexibilização das medidas preventivas, que façamos isso sem angústia ou desespero. Se todos os indicadores permanecerem melhorando, celebremos e aproveitemos bem cada dia e a oportunidade de convívio com pessoas que nos são queridas.
Pessoalmente, estou muitíssimo feliz com esta sensação: “as coisas estão voltando a ser como eram antes”.
Não sabemos o que nos espera no futuro. Há muitos que tiveram a sua realidade pessoal completamente alterada com perdas inestimáveis. Nós que sobrevivemos e sofremos menos, permaneçamos orando e contribuindo para que os mais atingidos recebam nossa solidariedade e total apoio.
Aquilo que nos foi tirado neste tempo que não nos desestabilize completamente, o que tínhamos de bom antes da pandemia, na medida do possível, seja restaurado e o que, eventualmente, ganhamos neste período seja preservado.
Marcos Vieira Monteiro