Amanhã pela manhã nosso netinho Pedro estará se submetendo a uma cirurgia. Tendo nascido com uma fissura labial com 8 meses de vida passou pelo sofrimento de sua primeira intervenção cirúrgica. Foi tudo muito doloroso para ele e para nossa família.
Agora o Pedrinho tem 1 ano e 10 meses. Interage bem mais conosco. Como uma criança com o desenvolvimento normal para esta idade sabe o significado de muitas palavras básicas do seu dia a dia infantil. Mas, até que ponto ele tem alguma consciência do que lhe acontecerá amanhã? Quando foi levado pelos pais ao laboratório ou a uma consulta médica esta semana o que pode compreender sobre sua situação atual? Quando chegar amanhã ao hospital e se separar deles, ficar sozinho sem nenhum parente na sala de cirurgia, vendo aquelas pessoas desconhecidas de branco ao seu redor, o que pensará? Ao acordar da anestesia em um ambiente estranho o que sentirá?
Nos próximos dias nosso netinho certamente vai chorar muito. Irritado com o efeito de medicamentos que provocam sonolência, experimentando dores e incômodos e se perguntando: “por que papai e mamãe me levaram para este hospital e agora estou sofrendo tanto?” Mas será que ele realmente sabe o que está acontecendo? Que nível de consciência ele tem de tudo que está passando? Bem que os seus pais e a vovó tentaram lhe prevenir. Usando a linguagem mais infantil e clara possível disseram para ele que a cirurgia era indispensável para que ele pudesse vir a falar corretamente, engolir com facilidade e outros benefícios… Mas, o que Pedrinho entendeu?
Sou muitíssimo grato a Deus pela vida de minha filha e do meu genro. Tanto a Ana como o Hélio (que inclusive faz aniversário hoje) são pais extremamente dedicados. Expressam constantemente seu amor por nosso neto de muitas formas. Uma destas maneiras é exatamente levando-o para se submeter a esta cirurgia no palato. Acompanho de perto o sacrifício deles para oferecer ao filho o melhor tratamento possível. Trabalhando dobrado para estar com ele mais tempo nos próximos dias… Não se negando de fazer pesados investimentos financeiros. Sei que vão acalentá-lo com carinho quando ele chorar. Perderão horas de sono à noite. Sofrerão com o sofrimento dele.
Olhando para esta experiência que o Pedrinho já está vivendo e que vivenciará nos próximos nos próximos dias fiquei pensando em nosso relacionamento com o Pai celestial.
Somos como esta criança. Temos todos nós problemas congênitos no campo moral e espiritual. Precisamos de certas intervenções cirúrgicas corretivas. Não temos a capacidade de entender porque o nosso Pai Celestial nos conduz à mesa de cirurgia. Sofremos confusos. Não percebemos que Ele faz isso por amor, porque deseja nos ver restaurados completamente, para podermos desfrutar de forma mais plena a vida.
O que podemos compreender nesta hora de tão grande sofrimento? A limitação está em nós. Não temos a maturidade para entender que até mesmo a dor, em determinadas circunstâncias, são o preço a ser pago para um bem que nos acompanhará por toda vida. Depois de anos é que vamos adquirir esta percepção.
Talvez jamais consigamos chegar aqui na terra a uma plena compreensão de cirurgias dolorosas a que nos submetemos por determinação do nosso Pai. No futuro, quando O contemplarmos face a face, mais maduros, adquiriremos um maior entendimento do que passamos e perceberemos que foram atos amorosos de nosso Pai Celestial. Com esta nova perspectiva vamos dizer a Ele: “muito obrigado, papai!”
Marcos Vieira Monteiro