Desde criança gosto de fogueiras. Lembro-me das noites lá no Sítio “Salmo 23”, do querido amigo e irmão Dr. Aymar, em que sentados em torno de uma fogueira, colocávamos as espigas de milho no fogo para assar, ficávamos contando piadas, histórias e cantando.
Recordo-me também de acampamentos, nos quais uma das noites mais esperadas era a do “Culto da Fogueira”. Éramos desafiados a, simbolicamente, depositar nas chamas os nossos pecados e fraquezas.
Quando jovem missionário no sertão da Paraíba eu gostava de ver dezenas de fogueiras nas ruas das pequenas cidades nas noites de festas juninas.
Aprecio muito também as lareiras. Elas me trazem à memória férias em Monte Verde (MG), desde os dias de recém casado. Gosto de ficar mexendo nas madeiras procurando aumentar as chamas, de ouvir os estalidos, ver brasas ardendo e sentir o calor que espanta qualquer frio… É relaxante para mim ficar horas a fio simplesmente contemplando uma lareira ou fogueira acesa e apreciando as labaredas de fogo.
Neste ano minha lista de boas recordações das fogueiras cresceu um pouco mais. Para mim, elas também passaram a representar acolhimento.
Na casa de nossos parentes e amigos em Belo Horizonte, Botucatu, Teófilo Otoni, Paranaguá, nos Estados Unidos e outros lugares sempre somos abençoados com uma maravilhosa hospitalidade.
Nestas férias, entretanto, aconteceu algo que foi muito singular. Ficamos hospedados em Botucatu, no interior de São Paulo, na casa do irmão caçula de Dora, o Alessandro. Ele não está morando na casa onde ficamos, mas nos acolheu de uma forma que jamais esquecerei. Chegamos em Botucatu numa noite muito fria e fomos recebidos por ele com uma fogueira acesa no quintal. Antes mesmo de entrarmos na sua residência ficamos ali conversando durante algum tempo…
Vi naquele simples gesto de acender uma fogueira para nos receber em uma noite fria, uma singela demonstração de carinho e acolhimento.
Nas noites seguintes saboreamos um delicioso churrasco para comemorar nosso aniversário de casamento em torno da fogueira com vários irmãos e sobrinhos de Dora e outros familiares… Nas outras noites continuamos nos reunindo em torno da fogueira. Gostosos momentos. O único efeito colateral adverso foram as roupas que ficaram impregnadas do cheiro de fumaça.
Aquela primeira noite em Botucatu, quando meu cunhado Sandro preparou uma fogueira para nos receber, me lembrou a manhã em que os discípulos de Jesus foram recebidos por ele na praia do Mar da Galiléia, com uma fogueira acesa. Sob o calor das labaredas, com peixes assados na brasa, o Mestre concedeu a Pedro, especialmente, um acolhimento amoroso e uma missão. (João 21:9-17)
Que sejamos hospitaleiros com nossos parentes e amigos. Com lareiras e fogueiras, ou mesmo sem lareiras e fogueiras, que aqueles que Deus colocar em nosso caminho sejam acolhidos calorosamente.
Pequenos gestos podem sinalizar carinho e amor.
Marcos Vieira Monteiro