Palavra Pastoral – INTERDEPENDENCIA

Espero que esta pandemia nos ensine de uma vez por todas que precisamos muito uns dos outros.

No dia a dia talvez não percebamos com tanta clareza como somos dependentes do trabalho e do conhecimento de outras pessoas. Agora, porém, está cada vez mais evidente que jamais conseguiremos enfrentar esta crise sozinhos.

As necessidades e desafios que temos podem ser bem diferentes, mas não existe um só ser humano que viva em lugares onde o vírus chegou, que não precise muito da ajuda do outro.

Sempre fui grato a Deus pela vida do nosso caçula Victor, independentemente nos de sua capacidade de nos ajudar. Mas, nestes dias de confinamento, esta gratidão a Deus por tê-lo ainda conosco em casa ganhou uma nova dimensão. Neste tempo em que eu e Dora temos que fazer lives, gravar mensagens e histórias bíblicas para crianças, participar de reuniões on line em diferentes plataformas, acessar na TV um conteúdo do youtube, … perdi as contas das vezes em que eu tenho que pedir: “Victor, vem cá, me ajude aqui” ou “Por favor, meu filho me ensine de novo, eu esqueci o que devo fazer agora.”

Felizmente existem algumas lições tecnológicas que já aprendi.  Estou sendo capaz de me virar e realizar determinadas ações, porém, isso não aprendi sozinho.

Sabe o que tenho descoberto? Essa turma jovem também não sabe tudo. Porém, eles fazem algo com muita maestria, geralmente melhor do que nós, os mais velhos. Eles vão para a internet e descobrem como solucionar os problemas, ou então se conectam com outros da mesma “tribo” que lhes mostram o “caminho das pedras”. De qualquer maneira, nenhum deles resolve tudo sozinho porque contam com alguém que do outro lado da tela compartilha o seu conhecimento.

 Já imaginou o que seria de nós sem a ajuda destes adolescentes e jovens que não aprenderam datilografia, mas digitam com uma velocidade alucinante, conversam em três ou quatro grupos de WhatsApp, enquanto escutam música, postam uma foto no instagram, curtem uma imagem no facebook e talvez até assistam um filme, tudo ao mesmo tempo?

Estamos hoje, provavelmente, e mais do que nunca, emaranhados em uma grande teia que nos liga a milhares de pessoas, quer tenhamos consciência desta realidade ou não.

Quantos de nós precisamos saber onde comprar um remédio, aonde ir se não estamos nos sentindo bem, aonde adquirir uma máscara, álcool gel ou como conseguir um benefício governamental?

Quantas pessoas, precisando de uma ajuda financeira, tem contado com a solidariedade de parentes, amigos e irmãos do “pequeno grupo” para suprimento de suas necessidades básicas?

E aqueles momentos em que estamos abatidos, desanimados, enfrentando uma crise de ansiedade e alguém nos liga, fala conosco, ora por nós e assim nossas forças emocionais e até mesmo físicas são renovadas.

Todos têm algo a oferecer ao seu próximo. Todos, sem exceção. Até mesmo os idosos extremamente debilitados, os enfermos, os bebês, as crianças de colo, os paupérrimos… Como eles podem nos ajudar? A existência deles nos ajuda a aprendermos o valor de amar e servir. Eles nos oferecem a oportunidade de sermos menos egoístas quando cuidamos deles, ou seja, de nos tornarmos pessoas melhores. Ao ajudá-los nos tornamos exemplos para as gerações mais jovens e quem sabe no futuro até poderemos colher frutos do amor que estamos plantando…

A necessidade deles é didática, pois nos possibilita, no ato de cuidar dos mais vulneráveis, percebermos com mais clareza como o nosso Pai Celestial cuida de cada um de nós no momento de nossas vulnerabilidades.

Quer ser uma pessoa mais feliz e sábia? Observe atentamente à sua volta e perceba como somos interdependentes.

Está precisando de ajuda? Peça. Mas, lembre-se também de servir ao próximo com os recursos e os dons que Deus lhe tem concedido.

Marcos Vieira Monteiro

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