O que esta crise tem produzido em sua vida?
Certamente você já ouviu/leu a opinião de várias pessoas que acreditam que o mundo será “melhor” depois desta calamidade. Acreditam que as pessoas serão mais solidárias, sensíveis, com novas prioridades, mais voltadas para o que é simples, mais “purificadas”…
Que o mundo vai mudar em muitas áreas não há dúvidas. Aquele “normal” que vivíamos antes não existirá. Fala-se de um “novo normal” que não sabemos com absoluta precisão como será. Mudanças profundas especialmente no uso da tecnologia já estão acontecendo. Mas, no campo da espiritualidade, na dinâmica do relacionamento do indivíduo com Deus, haverá de fato uma mudança significativa? Tenho minhas dúvidas.
Gostaria muito que de fato este fosse um tempo de grande despertamento espiritual, em que milhares de pessoas, de fato se voltassem para Deus, não apenas para pedir-lhe proteção, mas reconhecendo-o como o único e verdadeiro Deus, arrependendo-se dos seus pecados e colocando o Seu Reino em primeiro lugar em suas vidas. Porém, quando olho para o ambiente social e político do nosso país eu me entristeço.
Podemos perceber uma espiritualidade sadia na maioria de nossos líderes, atitudes que promovem a paz, exemplos de vida a serem seguidos, respeito para com os adversários políticos, coragem para admitir erros, capacidade de diálogo?
Quando leio que o acesso à pornografia aumentou, que uma loja famosa em Paris ao reabrir suas portas, teve que administrar a grande fila de clientes que se formou para a compra de produtos caríssimos, que tem gente vendendo respiradores com defeito a preço superfaturado…. Quando vejo a maneira como a cobertura jornalística desta pandemia está sendo feita…
E em cada casa? Em cada coração? Em cada mente? O que está acontecendo?
A crise por si só não melhora o coração corrupto. Quem faz isso é Deus. A crise não produz necessariamente o crescimento espiritual. Ela pode despertar em nós a necessidade de buscar mais a Deus, porém, isso é só o começo.
O que ela nos dá é uma oportunidade de crescimento em todas as áreas da vida. A crise nos possibilita maior crescimento espiritual. Determinados conceitos e experiências que poderíamos levar anos para adquirir podem ser assimilados em um curtíssimo espaço de tempo. Mas isso depende de como reagimos.
Temos aproveitado esta crise para crescer espiritualmente? Investimos mais tempo com Deus em oração? Temos lido, ouvido e meditado mais na Bíblia? Refletimos demoradamente sobre quem é Deus? Nosso senso de gratidão a Ele aumentou? Diminuímos o nosso ritmo e expressamos a nossa fé em Deus por meio de um poema, um cântico de louvor, um texto escrito para Ele em que declaramos e registramos o amor que lhe devotamos? Temos repensado nossos projetos de vida à luz dos seus propósitos? Que novas compreensões da vida adquirimos à luz desta experiência de isolamento social e de procurar ouvir a voz do Espírito Santo? Nossa comunhão com Deus tem transbordado para o amor ao próximo? Estamos sendo mais solidários?
Encerro sugerindo a você que separe um tempinho e leia a poesia de Siltomar Rodrigues Pereira, um texto de Ludimila Nogueira de Macedo Pitta (ambos membros de nossa igreja) e aprecie o vídeo que encaminho junto com esta mensagem.
Veja como eles têm aproveitado esta oportunidade de crescimento espiritual.
Marcos Vieira Monteiro
Isolado sim, mas não de Deus Já faz mais de 50 dias Que estou em isolamento. Às vezes, eu sinto medo, Outras vezes, um tormento. Mas, sei que não estou sozinho, Deus está no meu caminho E me dá o contentamento. Então eu pego a minha biblia E dobro os joelhos no chão, Elevo a Deus meu pensamento E em suplicas, minha oração. Isso alivia a minha alma, Suas palavras me acalma E acalenta o meu coração. No livro de Romanos, Encontramos explicação. Pra termos uma vida de fé, E não cairmos em aflição: “Alegrar-se na esperança Ser paciente na tribulação E perseverar na oração.” O livro de João 16, Nos diz algo muito profundo, Mostrando a realidade, Para todos, em um segundo: “No mundo tereis aflição, Mas não desanimem não, Pois Eu venci o Mundo!” Em Mateus 5.4, Nossos sonhos são revelados. Deus nos diz alegremente, Não fiquem desanimados!!! As bênçãos não demoram. “Bem aventurados os que choram, Porque eles serão consolados.” Em Filipenses 4.13, Quem já leu nunca se esquece. Deus nos dá uma certeza, Que nem sempre, a gente merece. Que não fiquemos temerosos, Nem tão pouco receosos. “Pois tudo posso, Naquele que me fortalece.” Em Mateus 21.22, Nos sentimos confortados, Sabendo que o mandamento, É que estejamos acordados: “O que pedirmos em oracão Se crermos de coraçao Seremos abençoados.” Portanto querido irmão, Fique em casa com os seus! Confie sua vida ao Senhor! Não faça como os ateus. Pra Isaias Deus disse: “Não temas, eu sou contigo, Não te assombres, pois Eu sou teu Deus” Silton Rodrigues
Textinho reflexivo da Lud - A quarentena dos excessos A escassez nos mostra a real necessidade das coisas. Nos desnuda da necessidade inventada. De que precisamos de fato? A casa abarrotada de TER, e nos falta SER. Coisas preenchendo o tempo do SER, perda de vida. Quando não podemos muitas coisas, outras nos sobram. Nos sobra tempo de ver o por-do-sol, de sorrir pro beija flor que sobe até o 12 andar pra beijar suas flores. Nos sobra tempo de ler um livro em voz alta, para os filhos. A vida real é bem mais poética e feliz que essa outra louca e apressada que inventamos. O simples surge com uma força descomunal e nos chama a viver. O pouco surge como mais do que suficiente e os espaços são criados. Inventamos os obsoletos e os colocamos no lugar do necessário, vida deslocada e perdida. O tempo da comida dita os horários da casa, à mesa, estamos sem pressa, pois não vamos alugar nenhum. A cadencia das atividades simples organizam o dia, trás a rotina necessária e os aprendizados mais uteis. Quisera eu ter uma horta, umas galinhas pra dar milho, mas ao invés disso tenho meu cachorro e minhas plantas, elas ditam seus tempos também, se fazer perceber. Com poucos itens limpa-se uma casa inteira, bem limpa e caprichada... Com poucos temperos se faz uma comida feliz e reconfortante. Com pouco. Excessos nos ocupam, nos perdem de nós mesmos, nos entulham. Quero desentulhar, meus armários e minha vida. Quero espaço e amplidão, de tempo e de coisas. Quero excesso de abraços, de beijos, de horas a fio de conversas. Quero escassez de compromisso com hora marcada. Meu tempo, minhas regras, novo lema de vida. Quero excesso de nada a fazer, de luar e de arte. Meu muito ter há de dar espaço ao muito ser. Quero estar perto do coração dos meus filhos, excesso de abraço diário. Quero estar no olhar do meu amor, na sua respiração, estar presente. Quero desentulhar minha vida, meus armários e meu coração. Quero viver com o mínimo que passou a ser meu tudo.