Que longo tempo de incertezas…
No início foi mais fácil aceitar que estávamos trilhando um caminho completamente desconhecido. Tudo aconteceu muito rápido. Vivemos algo inédito em nossa geração: uma pandemia.
O que sabíamos sobre a origem de um estranho vírus? Apenas que surgiu na China. Como? Na natureza? Em um laboratório? (Impressionante que até hoje nada foi inquestionavelmente esclarecido).
Bem no começo as perguntas eram muitas: quantos no mundo todo e no Brasil seriam infectados e vítimas letais? As projeções estatísticas variavam muito. Recordo-me das previsões catastróficas de 1 milhão de mortos em nosso país até o fim de 2020.
Pouquíssimos nos alertaram que esta pandemia poderia durar mais do que 1 ano. Confesso que preferi sempre acreditar nos que previam poucos meses para esta agonia.
Não me recordo de nenhum cientista, nos primeiros meses, alertando de que poderiam surgir novas cepas ou variantes com características e letalidade diferentes. O debate inicial era sobre a eficácia da ivermectina e da cloroquina. Nós os leigos nos sentimos muitas vezes inseguros, pois nem mesmo na classe médica havia consenso sobre esta questão.
Quando uma pessoa era infectada, mais incertezas. Não sabíamos, como ainda não sabemos com certeza absoluta, como seria a evolução da covid em seu corpo. Descobrimos logo, com tristeza, que a doença poderia ser letal não apenas para idosos e pessoas com comorbidades. Assim, quando uma pessoa precisava ser hospitalizada, transferida para uma UTI ou entubada, as incertezas sobre o seu retorno para casa cresciam cada vez mais.
E sobre as “ondas” da pandemia? Quem as previu? Alguma autoridade na área de saúde nos preveniu sobre uma segunda onda pior que a primeira e que enfrentaríamos ainda uma terceira que tem sido tão mais ampla, embora menos letal?
Vieram as vacinas. Muitos de nós alimentamos a expectativa que os vacinados estariam completamente imunizados. Não foi o que ocorreu. Somente depois é que fomos informados e constatamos que as vacinas minimizariam os efeitos da covid e não garantiriam total imunidade.
Também não me recordo de ter recebido a informação, bem no início da discussão sobre a eficácia das vacinas, que seriam necessárias duas doses e mais uma de reforço. Os cientistas não sabiam ou optaram por não revelar inicialmente esta necessidade?
Ainda vivemos um tempo de incertezas. Hoje a discussão é: qual tem sido ou será o impacto da vacinação das crianças? Devo ou não vacinar o meu filho? Muitos pais estão inseguros…
Que planos podemos fazer nestes tempos em que podemos nos contaminar a qualquer momento e ser obrigados a cumprir um período de quarentena? Quantas viagens e eventos importantes cancelados “em cima da hora”. Para pessoas estruturadas, este ambiente de incerteza é desgastante demais.
Neste cenário nem sempre sabemos o que é verdade ou mentira. O que devemos esperar para amanhã, para o próximo mês ou mesmo para até o fim deste ano? Caminhando no território das incertezas, devemos nos apegar Naquele que é seguro e plenamente confiável: Deus.
Lembremos: Deus sempre estará conosco, aconteça o que acontecer. Ele não solta a mão dos seus filhos nestes dias ainda nebulosos. É Ele quem nos protege. Quando somos atingidos por qualquer coisa ruim Ele permanece ao nosso lado cuidando de nós.
Nestes tempos de incertezas desenvolvamos a flexibilidade. Cultivemos a arte de mudar os planos com mais rapidez e sem grandes traumas. Internalizemos a verdade bíblica: “Se Deus quiser faremos isso ou aquilo…” (Tiago 4:15). Esperemos o melhor, mas se o que julgamos ser o melhor não vier logo, não nos desesperemos.
Mais do que nunca vivamos um dia de cada vez, um dia de cada vez… Assim fazendo evitaremos a ansiedade alimentada pelas incertezas quanto ao amanhã.
Marcos Vieira Monteiro