Nossa família gosta muito de passear em lugares onde a natureza faz o espetáculo. Nestes últimos anos temos sonhado com uma viagem a Capitólio, no interior de Minas Gerais. As fotos na internet e as notícias de parentes e amigos que estiveram lá, nos tem empolgado para conhecer este lugar maravilhoso.
No dia 8 de janeiro ao assistir o noticiário na TV fui surpreendido com as imagens de um paredão rochoso desabando nas águas de um lindo lago. Antes mesmo que fosse anunciado o local desta tragédia identifiquei que era exatamente o lugar de nossos sonhos. Fiquei impactado: o acidente tinha ocorrido há menos de 1 hora! Impactado também, porque minha irmã Joice, seu esposo Marcus e as filhas Nina e Bia tinham saído de Capitólio na véspera. Recebi poucas horas antes de ver o noticiário, fotos que eles haviam tirado no seu passeio de lancha naquele local, apenas 4 dias antes… (foto que ilustra o texto de hoje)
O sentimento que se apoderou do meu coração foi de vulnerabilidade. Sabemos racionalmente que todos estamos sujeitos a acidentes, a sermos os protagonistas de tragédias que conhecemos apenas pelos meios de comunicação, mas quando elas chegam bem perto de nós…
É difícil nos acostumarmos com a ideia que somos muito frágeis neste mundo em que as forças indomáveis da natureza podem ser fatais desde a tragédia do Éden. O mundo ainda não foi redimido. Ciclones, vulcões, tsunâmis, tempestades, tornados, secas… trazem destruição e mortes inesperadas.
Existe a contribuição humana para muitas tragédias ambientais. A ganância das empresas mineradoras, as indústrias ligadas ao turismo, com profissionais despreparados, a falta de consciência ecológica que explora os recursos naturais além dos limites do planeta, dentre outros fatores. Brumadinho, Mariana e tantos outros “acidentes” comprovam a culpabilidade humana. Porém, nem sempre temos o real poder de evitá-las.
Mesmo quando a responsabilidade primária não é nossa, Deus concede à raça humana inteligência para estudar os fenômenos da natureza, para evitar ou minimizar o impacto deste tipo de evento e diminuir a chance de ocorrer novamente.
Outro aspecto a ser considerado diante de uma tragédia como a de Capitólio é como a nossa vida é frágil e incerta. “Somos como um vapor que aparece por um instante e logo se desfaz”, como nos lembra o apóstolo Tiago. (Tiago 5:14). Não temos muito tempo para tomar uma decisão que pode resultar em vida ou morte. Percebemos um perigo imediato e ficamos paralisados. Outras vezes, não há mesmo tempo algum para evitar o pior.
Não entendemos por que Deus permitiu que aquela montanha de terra se deslocasse exatamente no momento em que dezenas de turistas estavam ali se divertindo sem nenhuma consciência do risco que corriam. Por outro lado, reconhecemos o livramento que outros experimentaram, estando naquele local poucos dias, horas ou mesmo minutos antes do desmoronamento. Li uma matéria que se este acidente ocorresse em um dia ensolarado, com centenas de pessoas nadando e passeando de barco, o número de vítimas seria ainda maior.
Houve quem vendo o perigo iminente tentasse alertar os condutores das lanchas. Infelizmente, os seus gritos desesperados foram em vão. Não sei se não acreditaram nos que tentavam alertá-los ou se não conseguiam ouvir nada por conta do barulho das cachoeiras e dos motores das embarcações… O fato é que não faltou quem tentasse avisá-los.
Creio que em várias áreas de nossas vidas tragédias podem ser evitadas se conseguirmos escutar os avisos de perigo que recebemos. Devemos sempre pedir a Deus a capacidade de identificar estes sinais de alerta para agirmos preventiva ou imediatamente.
Há lições que somente podemos aprender nas tragédias, que sejam assimiladas e oremos para que o consolo divino seja real para as famílias das vítimas.
Marcos Vieira Monteiro