O coronavírus é de fato poderoso. Contaminou a economia, trouxe muitas perguntas para as quais não ninguém sabe a resposta com certeza absoluta, mudou a realidade mundial em poucos meses. Meses não, dias. Em cada cidade foi chegando e transformando tudo em pouco mais de uma semana.
Esta pandemia colocou pessoas para dentro de casa e dobrou o turno de trabalho de tantas outras. Tem despertado alguns para buscarem a Deus e contribuído para que outros se afastarem ainda mais das igrejas, escandalizados com a insensatez de seus líderes. Pode fortalecer a união conjugal ou provocar o aumento no número de divórcios. Pode solidificar a fé ou matar uma fé frágil sem fundamentação na Sua Palavra.
O covid-19 provocou confinamento. Este demonstrou inicialmente a importância de não viver só para o trabalho, mas tem revelado a tragédia que pode significar a paralisação total de uma sociedade. Demonstrou como pode ser gostoso gastar mais tempo convivendo em família, ao mesmo tempo tem revelado que sem comida em casa a felicidade sai pela janela.
Mostrou ainda que não podemos viver somente para o trabalho, mas que a capacidade de produzir e servir ao outro é um dom de Deus absolutamente indispensável para a sobrevivência de toda sociedade.
Creio que todos os cristãos e pessoas de bom senso priorizam a vida. Mas a questão é: qual o melhor caminho a seguir para que mais vidas sejam preservadas? A quem ouvir? Os médicos, os empresários, os economistas? Creio que a grande maioria de cada uma destas categorias quer preservar a vida, embora possam divergir sobre o que deve ser feito.
É crescente o número de pessoas que tem se perguntado: quanto tempo economia de um país como o Brasil, em confinamento nos moldes atuais, aguentará sem provocar uma onda sem precedentes de desemprego? Por outo lado, quanto pode ser flexibilizado sem provocar a morte de pessoas que amamos tanto…
A situação social e econômica do país nos coloca diante de desafios que outros países de primeiro mundo não enfrentaram.
Ninguém está completamente imune, o rico e o pobre, o político e sua família e a família do trabalhador que mora na Rocinha, o empresário que possui milhões aplicados em diversos fundos de investimento e o porteiro do seu prédio que sobrevive com pouco mais de um salário mínimo…. Porém, precisamos compreender que esta pandemia não atinge a todos igualmente. Uma certa parcela da sociedade tem acesso mais rápido a testes, possui mais recursos para estocar comida em suas casas, pode ficar em confortáveis compartimentos separados que possibilitam o isolamento de uma pessoa infectada e vive em condições sanitárias adequadas que minimizam os riscos de consequências mais graves.
Não é verdade que esta é só uma gripezinha qualquer. Ela tem matado tem dizimado populações inteiras de idosos em determinados países do primeiro mundo. São vidas preciosas. Ou vida de seu pai, sua mãe ou seus avós é menos importante que a de um jovem?
Por outro lado, quanto tempo a Dona Maria que vende tapioca na rua vai conseguir viver sem dinheiro e a possibilidade de ganha-lo? Qual a dimensão de uma convulsão social se pequenas empresas quebrarem e as grandes promoverem desemprego em massa, como já começa a acontecer?
Neste momento crítico: qual deve ser o nosso foco prioritário? Qual a maior riqueza que devemos buscar? A sabedoria. Já ensinava o rei Salomão, que enfrentou os desafios inerentes à liderança: “Prefiram a minha instrução à prata, e o conhecimento ao ouro puro, pois a sabedoria e mais preciosa do que os rubis, nada do que vocês possam desejar compara-se a ela.” (Provérbios 8:10, 11)
Mais do que nunca precisamos muito de sabedoria. Nossos governantes precisam de sabedoria, os grandes e pequenos empresários também, os autônomos da mesma forma, os líderes religiosos, cada um de nós, sem exceção. Sabedoria até mesmo para expor nossos pontos de vista sem agredir os que tem outros posicionamentos.
Que nossos líderes políticos em Brasília e em cada unidade da federação estejam dispostos a ouvir assessores qualificados e até os que “pensam de modo diferente” a fim decidam acertadamente porque: “Não havendo sábios conselhos o povo cai, mas na multidão dos conselheiros há segurança” (Provérbios 11:14) Situações complexas não tem respostas simples. Agir com sabedoria é ponderar acerca de todos os lados de uma questão.
Não precisamos nos desesperar, mas dobrar os nossos joelhos clamando ao Senhor para que os que estão em posição de autoridade busquem a orientação de Deus, que é a fonte de sabedoria, sabendo que a Ele prestarão contas de seus atos, pois “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Provérbios 9:10).
Marcos Vieira Monteiro