Acompanhando as notícias de Petrópolis, leio as histórias dos que foram as maiores vítimas desta tragédia. Acompanhar mais de perto o que eles viveram me toca mais do que simplesmente saber dos números de desabrigados ou de mortos.
Não posso afirmar que sei o que eles experimentam porque nunca passei por uma situação similar. Apenas imagino quão grande é a sua dor e tento me colocar, por um instante, no lugar deles. Não poderia jamais dizer-lhes “eu sei o que vocês estão passando…”
Uma coisa é, por decisões erradas ou por outras circunstâncias, ao longo de meses e anos, ir perdendo os bens, o emprego, a moradia ou até mesmo um familiar. Outra, é ver tudo ir literalmente, “por água abaixo”, em questão de minutos.
Acordar no meio da noite com gritos de familiares ou amigos e uma montanha de terra destruindo sua casa, construída com grande sacrifício. Ver seus pertences preciosos sendo engolidos pela correnteza. Perder suas relíquias, objetos de grande valor sentimental, que jamais poderão ser substituídos. O pior de tudo: ver seus familiares e/ou animais de estimação sendo levados pela enxurrada ou soterrados e não conseguir salvá-los… Não há palavras que possam expressar tamanha dor.
O que posso desejar a estes, que perderam tudo?
Em primeiro lugar, desejo que não lhes falte a oração de um amigo ou irmão em Cristo. Que cada um deles seja alvo de uma oração feita com fé. Há perdas tão profundas e dolorosas, que somente uma intervenção especial de Deus pode amenizar os efeitos desta experiência traumática. Que os corações despedaçados comecem a experimentar o bálsamo do consolo divino.
Que esta oração seja acompanhada de um prato de comida, um agasalho, um colchão, um travesseiro, um lençol, um respeitoso silêncio e um abraço acolhedor.
Que através das demonstrações de solidariedade de parentes, de amigos e até de desconhecidos, sintam o cuidado de Deus sobre suas vidas.
Que, experimentando estas perdas, eles possam expressar a sua dor encontrando ouvidos atentos e sensíveis.
Que não lhes falte o apoio governamental nas semanas e meses seguintes. Que não precisem voltar a residir em áreas de risco. Que as autoridades façam a sua parte e lhes possibilitem conseguir um local seguro para reiniciarem o processo de reconstrução de suas vidas.
Que as igrejas possam comunicar aos desabrigados e enlutados o amor de Deus de diferentes formas. Que sejam competentes na canalização dos recursos para o apoio imediato aos mais necessitados. Que transmitam com sabedoria uma mensagem de esperança.
Tragédias de grande magnitude frequentemente resultam em crises de fé. Que os que estão perplexos e sofrendo consigam ter uma percepção do cuidado de Deus através da solidariedade humana.
Que nestes próximos dias, meses e anos, aqueles que perderam tudo, encontrem o amor de seus parentes, amigos e irmãos em Cristo, expresso das mais diferentes formas e, assim, as suas dores sejam minimizadas.
Que muitos que hoje estão dizendo: “Perdi tudo!”, descubram e se apropriem do bem que não pode ser perdido jamais: a salvação eterna, por meio da fé em Jesus Cristo!
Marcos Vieira Monteiro