Como compartilhei aqui, no início da semana passada recebi o diagnóstico de covid19. Ainda não estou 100% recuperado, mas me sentindo cada vez melhor. Ao longo destes 9 dias experimentei sintomas leves. Dora, que positivou alguns dias depois, está ainda debilitada e precisando de nossas orações. Porém, ela também está em processo de restauração de sua saúde e creio que brevemente estará totalmente curada.
Desde o momento da confirmação do teste positivo procurei me isolar em um quarto de nossa casa e cumprir todas as recomendações. O meu desejo era preservar a saúde dos que estivessem próximo de mim e não tivessem sido ainda contaminados. Nesta nova condição encontrei desafios inéditos. Durante quase dois anos fui cauteloso nos contatos sociais, procurei ser cuidadoso até mesmo na maneira de cumprimentar os outros, mantive a higiene de produtos, usei máscaras, estava usando álcool frequentemente e lavando sempre as mãos, evitando tocar no rosto sem os devidos cuidados… Agora, saí da condição de uma pessoa que poderia ser contaminada para a posição de um possível propagador do vírus. Como me portar responsavelmente nesta nova situação?
Antes, todos os cuidados que eu tomava tinham como propósito evitar uma contaminação. Agora, o foco mudou. Não sou eu, mas o outro. Esquisito demais mudar de lado.
É estranho ver o nosso filho Victor, que ainda não se contaminou, muito receoso de qualquer contato conosco. Procuramos ficar isolados na mesma casa, o que não é muito fácil. Permanecer longe dos familiares, mesmo que por pouco tempo (como é o nosso caso), tem sido uma experiência bem diferente.
Como nós, que contraímos o vírus recentemente, devemos nos comportar neste momento?
Penso que este é um tempo para nós, que agora nos sentimos menos vulneráveis, pensarmos nos outros. É fundamental cultivarmos a sensibilidade e solidariedade com os que estão potencialmente em situação de maior risco.
Não sabemos as consequências desta doença no corpo de outra pessoa. Felizmente, para a grande maioria, a contaminação está resultando em uma simples gripe. Mas, não podemos esquecer que existe uma minoria vulnerável. Pessoas em tratamento de outras doenças, com imunidade baixa e comorbidades.
Infelizmente, os hospitais estão cada vez mais cheios e as UTIs chegando de novo ao limite. Como ignorar esta realidade?
Por outro lado, muitos de nós estamos cansados de tudo isso. Queremos arrancar as máscaras, abraçar, beijar, trabalhar livremente, viajar sem restrições, jantar fora… Porém, entre o querer e o dever muitas vezes existe um grande abismo.
Além do autocuidado devemos ter uma atitude que manifeste que nos importamos com a saúde dos que estão ao nosso redor.
Amar o próximo significa estar disposto a pagar o preço e respeitar os limites dele.
Não ridicularize os que estão sendo mais cuidadosos do que você nestes dias. Eles têm suas razões (consistentes ou não) para agirem assim.
Não maximize e nem minimize os sintomas da covid. Ao sentir que não está bem faça os testes para o devido diagnóstico no momento adequado. Há pessoas que estão apresentando todos os sintomas desta nova cepa, mas pensam: “Deve ser mesmo apenas uma gripe, não vou mudar minha rotina”. E assim, sem mais cuidados com o próximo, acabam espalhando o vírus…
Você se infectou? Procure se informar não apenas sobre como tratar a covid19, mas também como evitar ser um transmissor do vírus para outras pessoas. Isso é mais do que cidadania. É amor cristão em ação.
Apesar das divergências sobre a prevenção e tratamento da covid, penso que há unanimidade acerca da importância de fortalecer o sistema imunológico, com alimentação adequada, exposição ao sol, exercícios físicos regulares e cuidados com a saúde mental.
Faça a sua parte, mesmo que seja difícil, como prova de amor ao próximo e pelo fim da pandemia. Cuide de sua saúde, além do cuidado na interação com outras pessoas.
Marcos Vieira Monteiro