Com a participação de importantes líderes mundiais, está se encerrando hoje em Glasgow, (Escócia), a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26). Um dos objetivos deste encontro é estabelecer metas globais visando reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa nos próximos anos e enfrentar os impactos climáticos atuais em todo o mundo.
A responsabilidade ambiental não é exclusiva dos governos. Tampouco é uma bandeira que deva ser erguida somente pelos ambientalistas ou ativistas vinculados a certos partidos políticos.
Nós, os cristãos, temos excelentes razões para nos unirmos a todos que defendem a preservação do meio ambiente.
Nossos motivos transcendem as válidas preocupações com o impacto do aquecimento global e as tragédias ecológicas crescentes que podemos constatar nos noticiários.
No início da década de 80 li um livro que me impactou muito: “Poluição e a Morte do Homem” de Francis Shaeffer. Este filósofo cristão defende que a natureza tem dignidade própria como obra das mãos de Deus.
A motivação para o cuidado ambiental não deve se limitar ao fato de que precisamos cuidar bem de nossa casa, o planeta terra, porque é o local onde habitamos. Precisamos das árvores para respirar, portanto, jamais podemos apoiar o desmatamento indiscriminado. Devemos estudar sempre o impacto ecológico das indústrias e do desenvolvimento econômico. Mas, é necessário ir além. Temos uma excelente razão teológica para lutar pela preservação ambiental: a compreensão que a natureza foi criada por Deus e a Ele pertence. Não temos o direito de destruir o que Deus fez com tanto esmero e sabedoria.
Como compreender a ignorância do ser humano que é capaz de destruir o seu próprio habitat, aniquilar dezenas de formas de vida e colocar em risco a sua própria existência? A falta de consciência ecológica tem como razão principal a falta de solidariedade com o próximo. A ambição desmedida e cega impede de perceber as consequências de seus atos a médio prazo. Esta ambição é alimentada pelo egoísmo que o impede de refletir sobre o nefasto legado que está deixando para os seus próprios filhos e netos.
A importantíssima pauta da preservação ambiental precisa estar no radar de nossas preocupações como cristãos.
Quando Deus criou o primeiro casal e o colocou no jardim do Éden, o seu propósito foi muito bem definido: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e guardar” (Gênesis 2:15). O cultivo para manter a sua sobrevivência é aliado à responsabilidade ambiental.
Este “guardar” significa preservar, manter vivo, não destruir, não poluir, manter as fontes de águas puras e o ar limpo…
Não devemos cair no extremo de idolatrar a natureza ou pensar que existe uma igualdade existencial entre o ser humano e o restante da criação. O homem e a mulher estão acima porque neles foi impressa a imagem de Deus. Porém, esta superioridade não nos dá o direito de desvalorizar e destruir as outras obras do Criador. Cada ser projetado e feito com esmero por Deus tem o seu valor intrínseco. Deus colocou na natureza tudo o que precisamos para um desenvolvimento sustentável. Cabe a cada geração aprimorar a utilização destes recursos de forma sustentável.
A responsabilidade ambiental não é somente dos políticos e dos grandes empresários. Ela é de cada um de nós e se expressa nos detalhes. Na maneira como descartamos o lixo doméstico, como usamos a eletricidade e a água potável, como deixamos o ambiente por onde passamos e pelo que consumimos.
Criados por Deus com a responsabilidade de “guardar” este planeta maravilhoso e frágil, que o façamos com sabedoria e zelo.
Marcos Vieira Monteiro