A covardia se manifesta de muitas formas.
Ela se revela quando somos confrontados com um grande e difícil desafio, que podemos enfrentar, mas recuamos. Josué titubeou quando foi escolhido por Deus para suceder a Moisés. O Senhor lhe falou de modo bem claro: “Não temas”. Em outras palavras: “Não se acovarde diante dessa missão”. Ele acatou o comissionamento divino e conduziu o povo hebreu na conquista da terra prometida.
A covardia se manifesta quando somos pressionados pelas pessoas ao nosso redor a agirmos desprezando os nossos valores pessoais e aceitamos esta pressão.
O covarde sabe o que é certo, mas, é incapaz de dizer “não”. Ele titubeia e perde a oportunidade de se posicionar com firmeza: “Isto não farei pois minha consciência e compromisso com Deus não me permitem fazer o que todo mundo faz”. O covarde cede porque quer ser “politicamente correto” ou aceito em seu grupo social. O profeta Daniel e seus amigos na Babilônia nos inspiram porque como servos de Deus tiveram a coragem de ser diferentes da maioria.
A covardia se revela quando vemos claramente o mal e a injustiça, temos condições de ajudar o mais fraco, mas nos omitimos e nos calamos porque não queremos perder privilégios.
Uma das facetas mais terríveis da covardia é aquela praticada contra o mais fraco. A covardia de um pai que humilha o filho. A covardia do homem que agride uma mulher. A covardia do adolescente brigão e forte fisicamente que bate em um outro mais tímido e franzino. A covardia de uma potência bélica que invade o país vizinho e mata milhares de inocentes. A covardia do chefe do narcotráfico que não enfrenta diretamente ninguém, mas aos seus capangas ordena que mutilem, matem e destruam aqueles que se opõem aos seus planos malignos. A covardia do chefe que coloca a culpa de um erro exclusivamente seu em um subordinado. A covardia de um político que fica blindado em seu palácio, com forte esquema de segurança e manda para a guerra milhares de soldados jovens que nem sempre sabem porque estão no front de batalha.
Todo covarde na verdade é um fraco. Ele não procura alguém “do seu tamanho” para confrontar. Ele usa força dos próprios punhos ou o seu poder para promover o medo e agredir os mais frágeis. Quando possível ele até coloca outros para correrem riscos no seu lugar.
O covarde mente descaradamente. Ele não assume as suas verdadeiras razões para maltratar o outro. Ele bate pesado, espalha mentiras e ainda coloca a culpa na vítima: “ela pediu para apanhar”, “ela/ele me traiu”, “ele não está cumprindo o papel que lhe é devido”, “ele merece esse castigo por que fez isso”…
É muito triste quando o covarde consegue conquistar a simpatia da sociedade e quando recebe compreensão e “apoio” acrítico.
Sejamos capazes de uma sincera autoanálise: “Estou sendo covarde ou apoiando as causas de um covarde?”
Ao identificarmos sinais de covardia em nossa conduta e posicionamentos, que nos arrependamos e peçamos a Deus coragem. Coragem para lutarmos pelo que é justo e correto. Coragem para seguir a Jesus fielmente. Coragem para dizer “não” quando preciso for. Coragem para jamais esmagar o mais fraco.
Marcos Vieira Monteiro