Em um tempo de tanta polarização política como este que vivemos no Brasil, creio que existe pelo menos um consenso entre todos os cristãos: devemos orar.
Orar pelas autoridades constituídas em todos os níveis. Autoridades do legislativo, do executivo e do judiciário.
Orar para que Deus conceda a cada um de nós discernimento. Insisto: nenhuma ideologia deve ser abraçada de modo completamente acrítico. Desde os tempos dos faraós, dos reis da Babilônia, dos Imperadores Romanos, aclamar um líder político como se fosse um semideus é um grave erro.
Além de orar precisamos pensar.
Líderes de esquerda, de direita ou do “centro” que imaginam ter mais poder do que realmente têm podem se tornar autoritários. Líderes autoritários estão mais susceptíveis a perseguir seus adversários com violência.
Podemos admirar muito um político em quem votamos e que agiu de acordo com as nossas expectativas. Esta admiração, porém, deve ser moderada. Caso contrário, se torna idolatria.
A Bíblia é muito clara: ninguém deve ocupar o lugar que é reservado somente a Deus. Somente Deus é totalmente sábio, justo e amoroso. Quando alçamos qualquer pessoa a esta posição quebramos o primeiro mandamento do decálogo.
Podemos até admirar um líder religioso, mas jamais devemos colocá-lo em um pedestal. Não foi este um dos equívocos que os reformadores combateram quando questionaram a infalibilidade papal? Será que hoje muitas ovelhas não estão seguindo cegamente seus pastores mesmo quando o que eles dizem não possui real respaldo bíblico?
Usemos este dom tão maravilhoso que é a reflexão. Não devemos transferir para outra pessoa a responsabilidade de pensar e decidir por nós.
Se desejamos amadurecer e fortalecer as nossas ideias e convicções, devemos estar atentos à realidade próxima e à mais distante de nós. Quais foram os benefícios e os malefícios que podemos claramente perceber quando um determinado partido político ocupou o poder a nível nacional, estadual ou municipal? Que legados deixou para o seu sucessor? Em que lugar do mundo determinadas ideias defendidas pelo partido A ou B “deram certo”? Quais as consequências da implementação de certas ideologias em outros países? Os direitos humanos foram respeitados? Houve perseguição religiosa, liberdade de imprensa? A desigualdade social diminuiu ou aumentou? Princípios democráticos (como a alternância de poder) foram cultivados?
Refletir sobre os acontecimentos atuais à luz da sociologia. Ir além das informações da mídia e das que nos chegam pelo whatSaap. Estes são nossos grandes desafios.
Ao receber as informações, busquemos identificar quem “está por trás” de cada meio de comunicação. Aprendamos diferenciar os fatos das opiniões. Sejamos cuidadosos em nossa análise das tentativas de reescrever a narrativa dos fatos históricos…
Ao ouvirmos um político, procuremos verificar qual é a sua verdadeira trajetória. Suas ações ao longo dos anos são coerentes com a sua fala?
Além de orar, precisamos pensar. Quem pensa procura observar os fatos. Sabe distinguir o que são valores inegociáveis do que são opiniões que podem ser alteradas à partir de novas leituras e/ou de análise dos fatos que estão ao seu redor.
Orar é indispensável. Nisso todos concordamos. Oremos então por nós mesmos, para que não sejamos ingênuos, ludibriados e “massa de manobra”. Mas além de orar, pensemos. Com reflexão até a nossa oração melhora.
Marcos Vieira Monteiro