Eu era bem pequeno. Morava em Coronel Fabriciano (MG). Lembro claramente de um conselho de minha mãe: “Fique longe dos meninos brigões”. Nas pequenas cidades do interior do Brasil, naqueles tempos, parecia que tinha sempre pelo menos um “menino brigão” em cada rua.
Brigões não eram apenas meninos com porte físico avantajado. Havia os “baixinhos invocados”, e aqueles que aprendiam com pais imaturos que se apanhassem na rua iam também apanhar quando chegassem em casa.
No “Grupo Escolar” que eu estudava era comum as brigas entre os meninos no recreio. Eles se estranhavam até dentro da sala de aula e marcavam a briga com o desafio: “me espere lá fora se você for homem”.
As meninas brigavam menos. Não davam socos ou pontapés e nem rolavam pelo chão. Elas geralmente se limitavam a xingar, gritar e puxar os cabelos umas das outras.
O fato é, que os anos se passaram e nossa geração não amadureceu. Muitos continuam brigando. Têm um prazer estranho e mórbido de se indispor com o outro e “jogar as pessoas umas contra as outras.”
Há gente que só fica “feliz” quando está em conflito com alguém. Por onde passa deixa um rastro de desentendimentos e confusão.
Estas pessoas estão nos corredores palacianos em Brasília, nos palanques, nas redes sociais, na imprensa, nas empresas, nas ruas… em todo lugar.
Suas armas não são necessariamente as mãos, os pés, uma faca ou uma arma de fogo. Elas usam a língua ou o teclado de computador como uma espada afiada.
Brigões agem como animais raivosos. Eles podem entrar até mesmo na igreja, uma comunidade onde deveria prevalecer a serenidade. Por isso o apóstolo Paulo fez um importante alerta: “Se mordeis e devorais uns aos outros, cuidado para não vos destruirdes mutuamente” (Gálatas 5:15).
Há tantas brigas dentro de casa. Brigas bobas. Implicâncias. Brigas como as infantis do passado. Brigas com agressões físicas violentas que desfiguram rostos, roubam a paz e matam relacionamentos com aqueles que deveriam ser as pessoas mais importantes de nossa vida.
Desde os dias de Caim e Abel a história da humanidade revela esta triste consequência do pecado: a tendência inerente à nossa raça para o conflito. Brigas provocadas pelo ciúme, inveja, cobiça, ambição, sentimento de inferioridade, julgamentos precipitados e tantos outros motivos.
As pessoas que admiramos e “seguimos” são exemplo de pacificação ou provocadores de conflitos?
Podemos escolher ser aquele que começa uma briga ou que faz de tudo para evitá-la. Podemos agir como aquele que se gaba: “não levo desaforo para casa” ou como o que se empenha ao máximo para ter “paz com todos”. Podemos optar por “colocar mais lenha na fogueira”, atiçando o conflito dos outros ou ser um pacificador. Podemos decidir pela vingança ou pelo perdão. O que dizemos, escrevemos, compartilhamos e postamos promove brigas ou paz?
Lembremo-nos da milenar sabedoria bíblica: “Evitar contendas é sinal de honra, apenas o insensato insiste em brigar” (Provérbios 20:3).
Marcos Vieira Monteiro