Palavra Pastoral 369 AUTOCRÍTICA (1)

Todos os dias nos chegam mensagens pelo whatsapp com críticas a alguém.

Diariamente você e eu recebemos, de diversas fontes, artigos, notícias, vídeos criticando os governantes (em todos os níveis), os empresários, as “elites”, os religiosos, os “progressistas”, os que tem um posicionamento político e ideológico de direita, de esquerda ou de “centro”… Enfim, o que não falta neste mundo é gente para criticar.

A grande maioria destas críticas são destrutivas. Apenas o “lado negativo” das pessoas e atos dos que são o foco da crítica é apresentado.

Há muitos anos, ao ingressar no curso teológico no Rio de Janeiro, aprendi que a boa crítica é aquela que apresenta tanto os aspectos negativos quanto os positivos da obra de um autor. Mas, quando ouvimos alguém dizer: “fulano está sendo criticado”, imediatamente entendemos que uma pessoa está “falando mal” da outra.

Pense em quantas críticas negativas você escuta ao longo de um dia e quantas palavras de apreciação?

Somos muito hábeis em julgar os outros e geralmente este juízo enfatiza o que vemos de ruim ou péssimo.

Ser duro nas críticas é um hábito que começa dentro de casa. Quantos pais e mães são extremamente críticos com os seus filhos. Quantos cônjuges criticam “o tempo todo” o seu companheiro por quem nutriam grande admiração ao se casarem?!!

Sempre fico pensando como o ambiente familiar e o mundo inteiro seriam melhores, se para cada crítica que pronunciamos compensássemos ao menos com dois elogios…

Mas, se por um lado sobram críticas a tudo e a todos, falta muito autocrítica.

A autocrítica nem sempre é fácil. Como comparar a qualidade do que fazemos com o que outros fazem? Às vezes, percebemos imediatamente que o trabalho de outra pessoa é superior ao nosso e entendemos por que tem recebido merecido reconhecimento. Outras vezes, o que produzimos, ao nosso ver, tem uma boa qualidade, mas aparentemente provoca um impacto menor do que um trabalho inferior feito por outra pessoa. Daí, surgem muitas dúvidas.

Como entender, por exemplo, o “sucesso” (ainda que muito efêmero) de “Caneta Azul”?

Nem sempre é fácil julgarmos a qualidade do que nós mesmos fazemos. Então nos questionamos: qual a real qualidade do que estou fazendo?

Provavelmente nunca saberemos completamente qual a verdadeira dimensão da qualidade do que produzimos e do impacto na vida de outras pessoas, qualquer que seja a nossa área de atuação. Há muitos pintores, músicos, escritores, políticos, escultores e tantos outros que obtiveram o reconhecimento de seu talento e realizações somente depois de sua morte.

A autocrítica é difícil, porém necessária. Somente por meio dela efetivamente crescemos. Quando analisamos o que produzimos e descobrimos falhas que podemos corrigir é uma experiência maravilhosa.

Quando não exercitamos a autocrítica permanecemos no caminho da mediocridade.

É muito mais proveitoso deixar de nos compararmos com os outros e refletirmos sobre nós mesmos. O que estou fazendo hoje é superior ao que eu realizei há 20 anos atrás, ao que produzi no mês passado, ao que fiz ontem?

Seja este nosso permanente desafio: menos crítica aos outros e mais autocrítica.

Marcos Vieira Monteiro

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