Você já se sentiu rejeitado? Em que contexto? É um sentimento que você ainda carrega no íntimo do seu coração? Sente-se assim há muito tempo?
As sequelas emocionais vivenciadas por aqueles que são rejeitados desde o ventre materno são incalculáveis. Creio que grande parte dos conflitos íntimos, dentre eles, uma autoimagem negativa, tem a sua origem nessa experiência de se sentir como alguém não bem-vindo ao planeta terra.
Crianças que experimentam rejeição materna ou paterna, via de regra, se tornam adultos inseguros emocionalmente. Por outro lado, aqueles que tem a bênção de se sentirem amados no contexto de sua família de origem, possuem muito mais recursos para o cultivo de sua saúde emocional e espiritual.
Uma das maiores bênçãos de aceitar a mensagem do Evangelho é a certeza de que Deus não nos rejeita, seja qual for a nossa condição. Ele nos acolhe em seus braços na medida que reconhecemos nossas fraquezas e limitações e pedimos que Ele nos transforme.
O Deus que nos acolhe com amor é aquele que conheceu a dor da rejeição quando viveu entre nós. É o Deus que se tornou gente na pessoa de Jesus de Nazaré.
Jesus experimentou um grande acolhimento no lar escolhido pelo Pai para que se tornasse a pessoa que ele foi. Ao que tudo indica foi muito amado por José e Maria. As pouquíssimas informações que temos deste tempo na companhia dos seus pais nos revelam que recebeu um cuidado amoroso. Lembram-se do adolescente Jesus no templo em Jerusalém?
Por outro lado, Jesus soube o que é ser rejeitado e perseguido. Herodes tentou matá-lo quando ele era um bebê. Ele e sua família se tornaram refugiados no Egito por alguns anos. Ao iniciar o seu ministério, foi rejeitado em Nazaré, cidade onde cresceu, por seus irmãos de sangue e pelos que conheciam aquele “menino” filho do carpinteiro.
Jesus experimentou violenta rejeição da parte dos líderes religiosos. Esta rejeição contaminou grande parte do povo, que mesmo vendo os seus milagres e sendo tão abençoado por Ele, na hora decisiva escolheu libertar Barrabás e condená-lo.
Frequentemente os que lutam contra a corrupção política e religiosa são rejeitados e condenados porque a multidão é também corrupta.
Jesus advertiu que aqueles que se comprometem em lutar pela justiça serão rejeitados e até mesmo perseguidos.
Nos seus últimos dias na pele de Jesus de Nazaré, o nosso Salvador experimentou até mesmo a rejeição daqueles que conviveram dia a dia com Ele durante os três anos de seu ministério: Judas, Pedro e todos os discípulos que o abandonaram no momento de sua injusta prisão e martírio.
Jesus sabe o que é ser rejeitado pelos que sempre se opuseram a Ele por inveja e por não reconhecerem nele o Filho de Deus. Os que o rejeitaram, entretanto, não foram apenas estes, mas uma nação inteira, que tinha sido escolhida por Seu Pai para revelar-se a ela de forma especial. O apóstolo João afirma com clareza: “Ele veio para o que era seu, mas os seus não o receberam”. (João 1:11).
Na perspectiva humana Jesus seguiu o caminho que o levou à cruz porque o seu próprio povo o rejeitou.
Volto à pergunta inicial: Você se sentiu muito rejeitado? Ainda se sente assim? Rejeitado por sua família? Rejeitado por pessoas por quem você se apaixonou e amou? Rejeitado por suas convicções ideológicas ou de fé? Rejeitado por suas escolhas equivocadas? Pela cor de sua pele, raça, por deficiências físicas, intelectuais ou emocionais?
Nesta semana celebramos a Páscoa. Celebramos a morte e ressureição de alguém que, mesmo tendo um coração acolhedor, tem sido a pessoa mais rejeitada da história. Não se esqueça: Jesus se identifica com você: Ele sabe muito bem o que é ser rejeitado, porque vivenciou esta experiência intensamente quando viveu aqui conosco e continua sendo rejeitado por milhões de pessoas em todo o mundo.
Jesus é o presente de Deus para todos nós. Você o tem acolhido ou rejeitado?
Vale a pena acolher Jesus. Afinal, “todos os que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes a prerrogativa de se tornarem filhos de Deus!” (João 1:12).
Marcos Vieira Monteiro